Bacteriúria assintomática na gravidez de baixo risco – qual a evidência do seu tratamento?
DOI:
https://doi.org/10.5712/rbmfc14(41)1922Palavras-chave:
Bacteriúria, Gravidez, Nascimento Prematuro, Atenção Primária à SaúdeResumo
A bacteriúria assintomática (BUA) tem estado associada a aumento do risco de pielonefrite materna e parto pré-termo. As normas de orientação clínica internacionais recomendam a sua pesquisa e tratamento durante a gravidez. No entanto, os benefícios e riscos da sua pesquisa e tratamento não são consensuais. Esta revisão tem por objetivo analisar a evidência disponível quanto à influência do tratamento da BUA na morbimortalidade materna e fetal. Os autores realizaram pesquisa na base de dados MEDLINE e sites de Medicina Baseada na Evidência, de revisões baseadas na evidência, normas de orientação clínica, meta-análises, revisões sistemáticas e ensaios clínicos controlados e aleatorizados, utilizando os termos MeSH: Bacteriuria e Pregnancy, de artigos publicados entre janeiro de 2008 e maio de 2018, em Inglês, Francês, Espanhol e Português. Para avaliação dos níveis de evidência e atribuição de forças de recomendação, foi utilizada a escala Strength of Recommendation Taxonomy (SORT) da American Family Physician. Foram identificados 136 artigos, dos quais 10 cumpriam critérios de inclusão. A evidência existente, maioria baseada em estudos antigos com importantes limitações metodológicas, não permite concluir de forma clara se o tratamento da BUA influencia positivamente a morbimortalidade materna e fetal, no entanto dados recentes apontam para ausência de benefício com o tratamento da BUA em gravidezes únicas de baixo risco (Força de recomendação B), o que questiona a prática clínica corrente. Para colmatar as limitações dos estudos encontrados, são necessários estudos controlados, aleatorizados, de elevada qualidade e maior dimensão que avaliem a influência do tratamento da BUA na morbimortalidade materna e fetal.
Downloads
Métricas
Referências
Direcção Geral de Saúde. Norma no 037/2011, de 30/09/2011. atualizada em 20/12/2013. [acesso 2018 Jun 20]. Disponível em: https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/normas-e-circulares-normativas/norma-n-0372011-de-30092011.aspx
Bonkat G, Bartoletti RR, Bruyère F, Cai T, Geerlings SE, Köves B, et al.; European Association of Urology. Urological infections. Arnhem: European Association of Urology; 2018. [acesso 2018 Jun 20]. Disponível em: http://uroweb.org/guideline/urological-infections/
American Academy of Pediatrics Committee on Fetus and Newborn/American College of Obstetricians and Gynaecologists Committee on Obstetric Practice, Guidelines for Perinatal Care 7th ed. Elk Grove Village/Washington: American Academy of Pediatrics/American College of Obstetricians and Gynaecologists; 2013.
Allen VM, Yudin MH; Infectious Diseases Committee. Management of group B streptococcal bacteriuria in pregnancy. J Obstet Gynaecol Can. 2012;34(5):482-86. https://doi.org/10.1016/S1701-2163(16)35246-X DOI: https://doi.org/10.1016/S1701-2163(16)35246-X
Scottish Intercollegiate Guidelines Network. Management of suspected bacterial urinary tract infection in adults. Edinburgh: Scottish Intercollegiate Guidelines Network; 2012.
U.S. Preventive Services Task Force. Screening for asymptomatic bacteriuria in adults: U.S. Preventive Services Task Force reaffirmation recommendation statement. Ann Intern Med. 2008;149(1):43-7. https://doi.org/10.7326/0003-4819-149-1-200807010-00009 DOI: https://doi.org/10.7326/0003-4819-149-1-200807010-00009
National Institute for Health and Clinical Excellence: Guidance. Antenatal Care: Routine Care for the Healthy Pregnant Woman. London: RCOG Press; 2008.
Smaill FM, Vazquez JC. Antibiotics for asymptomatic bacteriuria in pregnancy. Cochrane Database Syst Rev. 2015;(8):CD000490. https://doi.org/10.1002/14651858.CD000490.pub3 DOI: https://doi.org/10.1002/14651858.CD000490.pub3
Angelescu K, Nussbaumer-Streit B, Sieben W, Scheibler F, Gartlehner G. Benefits and harms of screening for and treatment of asymptomatic bacteriuria in pregnancy: a systematic review. BMC Pregnancy Childbirth. 2016;16(1):336. https://doi.org/10.1186/s12884-016-1128-0 DOI: https://doi.org/10.1186/s12884-016-1128-0
Köves B, Cai T, Veeratterapillay R, Pickard R, Seisen T, Lam TB, et al. Benefits and Harms of Treatment of Asymptomatic Bacteriuria: A Systematic Review and Meta-analysis by the European Association of Urology Urological Infection Guidelines Panel. Eur Urol. 2017;72(6):865-8. https://doi.org/10.1016/j.eururo.2017.07.014 DOI: https://doi.org/10.1016/j.eururo.2017.07.014
Kazemier BM, Koningstein FN, Schneeberger C, Ott A, Bossuyt PM, de Miranda E, et al. Maternal and neonatal consequences of treated and untreated asymptomatic bacteriuria in pregnancy: a prospective cohort study with an embedded randomised controlled trial. Lancet Infect Dis. 2015;15(11):1324-33. https://doi.org/10.1016/S1473-3099(15)00070-5 DOI: https://doi.org/10.1016/S1473-3099(15)00070-5
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Ao submeterem um manuscrito à RBMFC, os autores mantêm a titularidade dos direitos autorais sobre o artigo, e autorizam a RBMFC a publicar esse manuscrito sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 e identificar-se como veículo de sua publicação original.