Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
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<p>A Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (RBMFC) é um periódico revisado por pares publicado pela <a href="https://www.sbmfc.org.br/" target="_blank" rel="noopener">Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade</a>. Os artigos são publicados de forma contínua ao longo do ano, e podem ser lidos e redistribuídos gratuitamente. Autores em potencial devem tomar conhecimento das <a href="/rbmfc/about/editorialPolicies">políticas editorias</a> da RBMFC, começando pelo <a href="/rbmfc/about/editorialPolicies#focusAndScope">foco e escopo</a> do periódico e a <a href="/rbmfc/about/submissions#sectionPolicies">política da seção pretendida</a>, facilitando a adesão às <a href="https://rbmfc.org.br/rbmfc/about/submissions#authorGuidelines">diretrizes para autores</a>.</p>Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC)pt-BRRevista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade1809-5909<p class="Textbody">Ao submeterem um manuscrito à RBMFC, os autores mantêm a titularidade dos direitos autorais sobre o artigo, e autorizam a RBMFC a publicar esse manuscrito sob a <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR">licença </a><em><a href="https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR">Creative Commons</a></em><a href="https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt_BR"> Atribuição 4.0</a> e identificar-se como veículo de sua publicação original.</p>Agradecimento aos Revisores da RBMFC em 2023
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<p>A Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (RBMFC) agradece aos Avaliadores listados abaixo que atuaram como revisores ad hoc durante o ano de 2023, dedicando horas voluntariamente para a emissão de pareceres técnicos sobre manuscritos submetidos a esta revista.</p>Thiago Dias SartiClaunara Schilling Mendonça
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2024-03-142024-03-1418454092409210.5712/rbmfc18(45)4092Oficina de formação bioética para a Estratégia Saúde da Família
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/2426
<p>A formação dos profissionais de saúde segue em discussão há tempos — no Brasil e no mundo —, assim como as mudanças dos paradigmas sanitários e dos modelos de cuidado em saúde. Com a criação do Sistema Único de Saúde e a implantação da Estratégia de Saúde da Família (ESF) como reorganizadores da atenção em saúde, brotam, neste cenário, questões e problemas bioéticos não vividos anteriormente no âmbito da prática de saúde hospitalar. Este artigo apresenta os resultados da realização de uma oficina de formação em bioética com a participação de 130 pessoas (128 profissionais da ESF no município de Viçosa, Minas Gerais, e dois convidados), promovida pela integração da universidade com o serviço de saúde local. Os referenciais utilizados incluíram o pluralismo metodológico, o trabalho em pequenos grupos, a aprendizagem significativa e o uso da arte para a construção das competências em bioética. Os resultados verificados foram otimistas quanto à efetividade da ação, tanto na ótica dos profissionais da ESF quanto dos participantes (facilitadores e docentes envolvidos), promovendo-se uma construção coletiva de saberes para a práxis.</p>Andreia Patricia GomesSandra de Oliveira PereiraLucas Lacerda GonçalvesPolyana Mendes MaiaJorge Luiz PereiraRodrigo de Barros FreitasTaciana de Souza BayãoAdriano Simões Barbosa CastroRodrigo Siqueira-Batista
Copyright (c) 2023 Andreia Patricia Gomes, Sandra de Oliveira Pereira, Lucas Lacerda Gonçalves, Polyana Mendes Maia, Jorge Luiz Pereira, Rodrigo de Barros Freitas, Taciana de Souza Bayão, Adriano Simões Barbosa Castro, Rodrigo Siqueira-Batista
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2024-03-022024-03-0218452426242610.5712/rbmfc18(45)2426Análise da situação de saúde dos idosos usuários de uma política municipal de atividades físicas
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3480
<p><strong>Introdução:</strong> Políticas públicas intersetoriais em saúde são intervenções populacionais (e de cunho ecológico) muito utilizadas para a redução da carga global de doença e otimização de recursos tanto financeiros quanto humanos. <strong>Objetivo:</strong> O objetivo deste estudo foi analisar a situação de saúde de usuários idosos de uma política municipal de atividades físicas. <strong>Métodos:</strong> Trata-se de um estudo transversal com amostragem baseada em centros comunitários (N dispositivos comunitários=11), que disponibilizam práticas de movimentos corporais e outros, subsidiados pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Esporte (SMDSE), Prefeitura Municipal de Porto Alegre (RS). A amostragem de usuários foi ponderada para o total de usuários atendidos por centro, adotando seleção aleatória simples. A coleta de dados ocorreu entre abril de 2018 e fevereiro de 2019, em que a equipe de coleta se deslocou ao território adscrito dos usuários para a condução de inquérito de saúde autoaplicado e a avaliação funcional; de forma contrária, os usuários compareceram a um centro de coleta para a série laboratorial (sem jejum). <strong>Resultados: </strong>Foram incluídos e analisados 351 usuários (média±desvio padrão, 70±6 anos). Para fatores de risco cardiovasculares, a prevalência de hipercolesterolemia foi de 54,2% e de 49,3% para hipertensão arterial sistêmica — as mais elevadas. O transtorno de sono foi prevalente em 55,3% da amostra. Entre as doenças autorrelatadas, os participantes listaram as cardiovasculares (14,3%), câncer prévio (14,6%), diabetes (13,2%), artrite reumatoide/ reumatismo (29,6%) e depressão (sem discriminador de depressão maior/ menor) (18,6%). A capacidade funcional, estimada pelo teste de caminhada em 6 minutos e a força de preensão manual, preditores de mortalidade cardiovascular e agravos, tiveram valores médios encontrados de 498,05±78,96 m e 27,08±8,14 kg, respectivamente. <strong>Conclusão:</strong> Os achados do presente estudo permitem contrastar prevalências estimadas em idosos participantes de um programa público de atividades físicas com outras estimativas em grupos de comparação, possibilitando a análise de situação de saúde com base em diferentes comportamentos e fatores de risco. Por fim, o trabalho viabilizou a monitorização de intervenções públicas para idosos em nível comunitário, sendo um ponto de base para acompanhamento futuro.</p>Fernando Matos DouradoNórton Luis OliveiraLuiza Isnardi Cardoso RicardoLeandro dos SantosAngélica Trevisan de NardiCíntia Ehlers BottonLucinéia Orsolin PfeiferLaura Milán VasquesLucas Porto SantosLarissa Neves da SilvaBruna Góes MoraesLucas HelalDaniel Umpierre
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2024-03-132024-03-1318453480348010.5712/rbmfc18(45)3480Saúde mental do idoso institucionalizado
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3589
<p><strong>Introdução: </strong>O processo de acolhimento dos longevos em instituições de longa permanência de idosos (ILPI) tem se tornado uma constante por parte das famílias, principalmente ao observar-se o panorama de ageísmo atual. Dessa forma, seja pela falta de condições emocionais, seja pela praticidade em fornecer o cuidado por meio terceirizado, inúmeros idosos são obrigados a se adaptar a um novo ambiente, rotina e conviventes. Assim, faz-se clara a percepção de inúmeras dificuldades por parte desses indivíduos em lidar com os obstáculos inerentes ao processo fisiológico do envelhecimento, somada à tempestade de sentimentos advindos do abandono e da incapacidade. Além disso, por se tratar de uma porção vulnerável da população, torna-se importante trazer à tona a visão dos idosos a respeito de sua percepção de saúde e da forma como se sentem quanto à convivência nesse espaço e com suas famílias. <strong>Objetivo: </strong>Compreender a influência do contato familiar e das relações interpessoais na saúde mental de idosos residentes em ILPI no noroeste do Paraná. <strong>Métodos: </strong>Estudo descritivo exploratório, de abordagem qualitativa, realizado por meio da aplicação de um questionário associado a uma entrevista semiestruturada com idosos residentes em uma ILPI, no ano de 2021. Entre as informações abordadas estão a autoavaliação do estado mental, a forma de ingresso na instituição, o contato familiar e o relacionamento dentro da instituição. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas, segundo semelhança de conteúdos. <strong>Resultados: </strong>Por meio dos dados coletados, observou-se que o processo de ingresso da maioria dos entrevistados foi consentida e estabelecida por concordância entre idoso, família e assistente social. Também se viu que, mesmo com as adversidades da pandemia de COVID-19, os familiares buscaram estar presentes por intermédio de chamadas de vídeo, seguindo os protocolos de prevenção à doença. Outro ponto investigado foi o relacionamento entre os residentes e os profissionais da instituição, a qual foi estabelecida como não conflituosa, sendo considerada impessoal pela maioria, obtendo-se poucos relatos que a considerassem como familiar. Por fim, constatou-se pelos relatos uma boa condição cognitiva (bom estado de saúde mental), mantida por meio da boa convivência e da implementação de atividades coletivas e individuais de lazer por parte da instituição. <strong>Conclusões:</strong> Os idosos entrevistados consideraram sua estadia, convivência e rotina na ILPI de ótima qualidade. Ao contrário do esperado, a maioria dos internos apresentou boa condição cognitiva (bom estado de saúde mental), constatada no decorrer das entrevistas. Há poucos idosos residentes na instituição, e o diagnóstico de depressão é apresentado nos prontuários. </p>Amanda Carriço RodriguesAliny de Lima SantosLigia dos Santos Mendes Lemes Soares
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2024-02-172024-02-1718453589358910.5712/rbmfc18(45)3589Cuidados paliativos
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3626
<p><strong>Introdução:</strong> Espera-se que o aumento da carga de doenças crônicas e do envelhecimento populacional repercuta em crescente demanda por cuidados paliativos no país. Apesar disso, no Brasil ainda há um déficit no ensino da área, visto sobretudo na escassez de sua abordagem na graduação em Medicina, assim como em outras áreas da saúde. Esse cenário traduz-se em uma formação frágil dos profissionais da saúde, principalmente médicos, impactando o cuidado necessário a pacientes com condições clínicas potencialmente ameaçadoras da vida em todos os contextos, incluindo a atenção primária à saúde. <strong>Objetivos:</strong> Este estudo objetiva analisar o panorama de ensino de cuidados paliativos no Brasil e sua implicação na formação do médico generalista e na qualidade dos cuidados prestados na atenção primária à saúde. Também objetiva identificar competências necessárias para o ensino de cuidados paliativos na graduação de Medicina. <strong>Métodos:</strong> Trata-se de uma revisão integrativa da literatura nacional a respeito do ensino de cuidados paliativos nas escolas médicas do Brasil e suas implicações na adequação à prática na atenção primária à saúde. <strong>Resultados:</strong> Dos estudos analisados, todos ressaltam a importância da abordagem dos cuidados paliativos na formação de base profissional na graduação e revelam a existência de lacunas a serem supridas nessa área de ensino. Entre as lacunas foram identificadas baixa abordagem nas grades curriculares, metodologias de ensino não adequadas e pouca especialização dos docentes. Com base nisso, alguns estudos brasileiros construíram propostas curriculares baseadas em mapeamento de competências mínimas na tentativa de sanar essas lacunas, incluindo habilidades de comunicação e a atitude médica diante do processo de morte. Este artigo compila as principais competências para o ensino de cuidados paliativos na graduação encontradas para o contexto brasileiro. <strong>Conclusões:</strong> A fragilidade do ensino de cuidados paliativos na graduação médica resulta em médicos generalistas carentes de competências básicas para esse tipo de cuidado, o qual ocupa cada vez mais lugar de destaque no cotidiano da atenção primária à saúde. Essa fragilidade precisa ser urgentemente abordada a fim de se adequar às necessidades populacionais, particularmente no Sistema Único de Saúde (SUS), dado o quantitativo de médicos de família e comunidade aquém das necessidades da APS brasileira.</p>Lara Guerra GuimarãesIsabella Pagan Manginelli Dannielle Fernandes Godoi
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2023-12-222023-12-2218453626362610.5712/rbmfc18(45)3626Clima de equipe na atenção primária à saúde
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3746
<p><strong>Introdução</strong>: Avaliar o clima da equipe é fundamental para identificar os desafios que as equipes de saúde enfrentam na implementação dos processos de trabalho interprofissional. <strong>Objetivo:</strong> O objetivo deste estudo foi determinar qual é o clima da equipe na APS e se há associação entre clima da equipe e a qualidade da assistência oferecida ao usuário. <strong>Métodos:</strong> Este estudo teve como objetivo realizar uma revisão sistemática da literatura para definir o clima da equipe de atenção primária à saúde e determinar se existe uma associação entre o clima da equipe e a qualidade do cuidado. O protocolo foi registrado sob o número de protocolo CRD 42019133389 no International Prospective Register of Systematic Reviews (PROSPERO). Uma busca de artigos sobre clima de equipe na atenção primária à saúde foi realizada usando qualquer versão do instrumento de inventário de clima de equipe em seis bases de dados. Não houve restrições quanto à data de publicação ou idioma (espanhol, inglês e português). <strong>Resultados:</strong> Dos 1.106 estudos obtidos após a remoção de duplicatas, 23 foram selecionados para uma leitura completa com base nas avaliações dos resumos. Observou-se que equipes com melhores climas de trabalho alcançaram melhores resultados de saúde. No entanto, por causa da heterogeneidade metodológica entre os estudos, não foi possível determinar um valor médio para o clima da equipe de atenção primária à saúde como proposto inicialmente. <strong>Conclusões: </strong>O estudo concluiu que, embora existam indícios de uma possível associação positiva entre o clima da equipe e a qualidade da atenção à saúde em ambientes de atenção primária à saúde, ainda não existem estudos suficientes que nos permitam afirmar categoricamente que essa associação existe.</p>Jader VasconcelosLivia Fernandes ProbstMarcelo Viana da CostaMarcia Naomi Santos HigashijimaMara Lisiane de Moraes dos SantosAlessandro Diogo De Carli
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2024-02-172024-02-1718453746374610.5712/rbmfc18(45)3746Desafios e potencialidades na implantação de uma experiência de matriciamento em saúde mental na atenção primária
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3726
<p><strong>Introdução:</strong> A assistência à saúde mental no Brasil passou por avanços com a Reforma Psiquiátrica, introduzindo-se novas práticas e aperfeiçoando-se estratégias na Rede de Atenção Psicossocial, como a Atenção Primária à Saúde. Nesta nova realidade, o matriciamento destaca-se como um novo modo de produzir os cuidados compartilhados entre a equipe especializada e a equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF). Entretanto, ainda se encontram dificuldades em implementar suas ações. <strong>Objetivo:</strong> Descrever os desafios e potencialidades na implantação de uma metodologia proposta para o matriciamento em Saúde Mental na Atenção Primária. <strong>Métodos:</strong> Trata-se de estudo qualitativo, cuja população foi composta de cinco médicos participantes de uma intervenção de implantação do matriciamento em dois Centros de Saúde da Família, sendo três médicos da ESF e dois que atuavam como matriciadores. Para a coleta de dados, incluíram-se: observação sistemática, entrevista não estruturada, entrevistas grupais e pesquisa documental. Realizou-se pré-teste com um médico da ESF e, após esta fase, realizaram-se cinco entrevistas individuais e três grupais, sendo um grupo com médicos da ESF, outro com os matriciadores e um com os cinco médicos. Para a análise dos dados, utilizou-se análise temática de Minayo. <strong>Resultados:</strong> Com base na análise temática, emergiram das falas dos entrevistados quatro categorias de análise: “definição de matriciamento”, “como implantar e desenvolver o matriciamento”, “vantagens e potencialidades do matriciamento” e “dificuldades para o processo”. <strong>Conclusões:</strong> O matriciamento em saúde mental é uma ferramenta extremamente útil e precisa ser amplamente expandida no atual cenário da saúde. Neste estudo, a percepção das vantagens e a motivação para realizar as ações pelos entrevistados demonstram como esta é uma estratégia de exequível implementação e passível de multiplicação.</p>André Luís Bezerra TavaresLuís Lopes Sombra NetoEugênio de Moura CamposSandra Fortes
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2023-12-222023-12-2218453726372610.5712/rbmfc18(45)3726Prevalência de hipertensão arterial e fatores associados em adultos e idosos residentes em Teresina, Piauí
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3700
<p><strong>Introdução:</strong> A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um problema de saúde pública, com elevada prevalência em âmbito mundial. Inúmeros fatores, tais como idade, sexo, raça/cor, escolaridade, renda, acesso aos serviços de saúde e hábitos de vida são descritos como influenciadores da prevalência da HAS. A maioria deles é considerada modificável e controlável pela adoção de um estilo de vida saudável. <strong>Objetivo: </strong>Estimar a prevalência de HAS e fatores associados em adultos e idosos residentes em Teresina, Piauí. <strong>Métodos:</strong> Estudo transversal, de base populacional, com 898 adultos e idosos. A amostragem foi probabilística complexa por conglomerados. O desfecho foi o diagnóstico autorreferido de HAS. Realizou-se análise hierarquizada em três blocos (características sociodemográficas, acompanhamento da saúde e estilo de vida) com cálculo de razão de prevalência (RP) e intervalos de confiança de 95% (IC95%) por regressão múltipla de Poisson. <strong>Resultados: </strong>A prevalência geral da HAS autorreferida foi de 27,9% e aumentou com a progressão da faixa etária. No modelo final, os fatores associados à HAS autorreferida foram: idade≥60 anos (RP=8,08; IC95% 3,72–17,52), sem escolaridade (RP=1,73; IC95% 1,18–2,54), última aferição da PA<6 meses (RP=2,64; IC95% 1,56–4,47), consumo regular de sal (RP=0,70; IC95% 0,52–0,93), circunferência da cintura alterada (RP=1,56; IC95% 1,29–1,90) e pressão arterial alterada (RP=1,64; IC95% 1,35–2,01). <strong>Conclusões: </strong>A prevalência da HAS autorreferida foi mais alta comparada com diferentes estudos nacionais e internacionais realizados nos últimos anos, com crescimento linear associado à progressão da faixa etária. Os fatores associados identificados refletem os grupos vulneráveis para HAS já conhecidos e outros podem ser resultados do crescimento da prevalência entre outras camadas sociais de maior renda. Diante da elevada prevalência da HAS em Teresina, da sua alta carga de morbimortalidade e de ser a principal causa evitável de morte prematura, torna-se necessário a intensificação das ações de promoção de saúde, prevenção do agravo e monitoramento do tratamento da HAS no município.</p>Elton Filipe Pinheiro de OliveiraAntônio Quaresma de Melo NetoMárcio Dênis Medeiros MascarenhasKaroline de Macêdo Gonçalve s FrotaMalvina Thais Pacheco Rodrigues
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2023-12-222023-12-2218453700370010.5712/rbmfc18(45)3700SERAFIM-BR
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3631
<p><strong>Introdução:</strong> A Medicina de Família e Comunidade (MFC) é a especialidade médica que atua essencialmente na atenção primária à saúde. No Brasil, temos a organização do sistema de saúde sendo construída com base na atenção primária à saúde. O último dado nacional sobre a cobertura da Estratégia de Saúde da Família em novembro de 2022 era de 48.601 equipes. <strong>Objetivo:</strong> O objetivo do presente artigo foi desenvolver uma proposta de agenda de pesquisa em MFC. <strong>Métodos:</strong> Estudo quanti-qualitativo que combinou e adaptou as metodologias Delphi e CHNRI. Por meio de ampla divulgação, MFC de todo o Brasil, associados da SBMFC, foram convidados. Em seguida, foi enviado para cada MFC o questionário SERAFIM-Q1. Além de informações sociodemográficas, foi solicitado que enviassem 2 sugestões de temas para pesquisa em MFC no Brasil. Na segunda fase, foi enviado para todos os MFC que participaram da primeira fase um novo questionário (SERAFIM-Q2) onde eram apresentados os 20 tópicos mais frequentes do SERAFIM-Q1 e solicitado que eles dessem uma nota (zero a 10) para cada tema. Por último, as notas de cada respondente foram somadas e hierarquizadas. <strong>Resultados:</strong> Um total de 304 MFC responderam ao SERAFIM-Q1. Após exclusões, obteve-se 200 participantes, que geraram 397 respostas (três MFC enviaram apenas 1 tema) com sugestões de temas de pesquisa em MFC. Os 20 temas mais frequentes foram: Ensino de MFC; Gestão em saúde — Nível macro; Acesso; Saúde mental; Ensino de MFC na graduação médica; Prevenção quaternária; Coordenação de cuidados; Habilidades de comunicação; MFC na saúde suplementar; Ensino de MFC na residência médica; Gestão em saúde — Nível micro; Saúde planetária; Tecnologia em saúde – Telemedicina; Saúde da população rural; Ferramentas do MFC — Gestão da clínica; Ensino de MFC — Capacitação de preceptores; Avaliação de qualidade — Indicadores de saúde; Indicadores de desempenho do(a) MFC; Acesso — Modelos de acesso; Saúde Pública. No SERAFIM-Q2, a lista dos 10 temas prioritários foi: 1) Acesso; 2) Saúde mental; 3) Ensino de MFC na graduação médica; 4) Ensino de MFC na residência médica; 5) Prevenção quaternária; 6) Avaliação de qualidade — Indicadores de saúde; 7) Ensino de MFC; 8) Habilidades de comunicação; 9) Ensino de MFC — Capacitação de preceptores; 10) Coordenação de cuidados. <strong>Conclusões:</strong> Este é, a priori, o primeiro estudo que propõe uma agenda de pesquisa em MFC no Brasil. Esperamos que os 10 temas prioritários de pesquisa mais bem votados auxiliem os pesquisadores, tanto norteando as pesquisas nesse campo quanto melhorando a saúde dos brasileiros e brasileiras.</p>Leonardo MoscoviciJéssica da Cruz ArantesSandro Rodrigues BatistaLeonardo Ferreira FontenelleAlisson Oliveira dos Santos Lariza Laura de Oliveira Newton Shydeo Brandão MiyoshiLuciane Loures dos SantosJoão Mazzoncini de Azevedo MarquesJoão Paulo SouzaMarcelo Pellizzaro Dias Afonso Thiago Dias Sarti
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2023-12-222023-12-2218453631363110.5712/rbmfc18(45)3631Prevalência da prática de atividade física em adolescentes de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3596
<p><strong>Introdução:</strong> A adolescência representa um período crítico na formação de hábitos que perdurarão na idade adulta. A prática de atividade física constante resulta em um bom desenvolvimento escolar, homeostase psíquica e manutenção do peso corporal ideal. <strong>Objetivo</strong><strong>:</strong> Analisar a prevalência da prática de atividade física de adolescentes no município de Montes Claros (MG). <strong>Métodos:</strong> Trata-se de um estudo quantitativo, transversal e analítico, realizado em 13 instituições de ensino de Montes Claros (MG) no ano de 2017, utilizando o Questionário sobre Atividade Física Regular (PAQ-C) para avaliar a prática de atividade física, relacionada às variáveis: sexo, faixa etária e série escolar. Participaram alunos de 11 a 14 anos, devidamente matriculados nas últimas quatro séries do ensino fundamental. Realizaram-se análises descritivas e bivariadas com nível de significância de 5%. <strong>Resultados: </strong>Foram entrevistados 897 alunos, com média de idade de 12,64 (±0,98) anos. Dos entrevistados, 48,0% foram considerados moderadamente ativos, seguidos de 29,9% de sedentários e 22,0% de ativos. Observou-se maior prevalência de ativos nos dois primeiros anos do ensino fundamental II, do sexo masculino e mais jovens (p<0,001). A média de horas assistindo à TV de todo o grupo foi de 7,45 (±6,47) horas por dia. Na amostra pesquisada, alunos que estavam com idade entre 13 e 14 anos (p<0,05) passaram mais horas assistindo à TV por dia e tiveram menores escores médios do PAQ-C. A quantidade de horas assistindo TV não foi influenciada pelo nível de atividade física em nenhuma das variáveis. <strong>Conclusões</strong><strong>:</strong> Há alta prevalência de adolescentes do sexo masculino classificados como ativos, assim como alunos com idade entre 11 e 12 anos e nos dois primeiros anos do ensino fundamental II. Contudo, a população analisada apresenta um comportamento sedentário preocupante, tendo em vista a quantidade de horas gastas por esses indivíduos assistindo à TV.</p>Andre Rodrigues de Senna Batista FilhoLuíza Moura MenezesMarina de Pádua Pires Vitória Cunha SilvaAmanda Rezende Martuscelli Lucinéia de Pinho
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2023-12-212023-12-2118453596359610.5712/rbmfc18(45)3596Ferramenta de apoio à decisão no rastreamento mamográfico para mulheres de 40 a 49 anos
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3572
<p><strong>Introdução:</strong> O rastreamento do câncer de mama no Brasil é recomendado para as mulheres de 50 a 69 anos, conforme diretrizes nacionais para a detecção precoce do câncer de mama do Instituto Nacional de Câncer/Ministério da Saúde. Embora ele seja tradicionalmente difundido como prática apenas benéfica, as evidências científicas apontam sua complexidade e a necessidade de comunicar o balanço entre os riscos e os benefícios, sobretudo em mulheres mais jovens. <strong>Objetivo:</strong> Descrever o processo participativo de elaboração de uma ferramenta de apoio à decisão para o rastreamento do câncer de mama quando buscado por mulheres com idade entre 40 e 49 anos no Brasil. <strong>Métodos:</strong> Estudo qualitativo-participativo que envolveu nove médicos de diferentes estados do Brasil e 104 mulheres na etapa de elaboração e 40 na de avaliação da ferramenta, seguindo as recomendações do <em>International Patient Decision Aid Standards</em>, em quatro etapas: rodas de conversa, síntese de evidências, revisão de ferramentas e avaliação da ferramenta por médicos e mulheres<em>. </em><strong>Resultados:</strong> A ferramenta elaborada é inédita no Brasil e todos os médicos que a utilizaram a consideraram útil na conversa sobre os riscos e benefícios do rastreamento; 88,9% avaliaram que as informações facilitaram o entendimento — visão compartilhada por 80% das mulheres — e 77,8% consideraram que reduziu ou não interferiu no tempo de consulta. A ferramenta foi posteriormente aprimorada conforme as críticas e sugestões. <strong>Conclusões: </strong>O estudo mostrou o alcance do objetivo da ferramenta em oferecer suporte à decisão compartilhada e boa aceitação entre médicos e mulheres.</p>Renata Oliveira Maciel dos SantosMonica de AssisArn Migowski
Copyright (c) 2023 Renata Oliveira Maciel dos Santos, Monica de Assis, Arn Migowski
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2023-12-212023-12-2118453572357210.5712/rbmfc18(45)3572Programa Bom Começo para a saúde da criança
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3549
<p><strong>Introdução:</strong> As triagens universais da saúde visual de escolares detêm grande relevância do ponto de vista da saúde pública, possibilitando uma intervenção precoce dos casos identificados com deficiência visual que coincide com o período em que o trabalho intensivo de escolarização se inicia. <strong>Objetivo:</strong> Apresentar dados epidemiológicos populacionais de perdas da acuidade visual de participantes do terceiro ano do Ensino Fundamental. <strong>Métodos:</strong> Estudo transversal descritivo, com amostragem populacional. Participaram alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental (n=422; 8 a 12 anos de idade; M=8,6 anos±0,6; 52% meninas) de todas as escolas municipais de Nova Lima (MG). Utilizou-se o equipamento estereoscópico Keystone Vision para avaliar a acuidade visual para longe e perto, com apresentação binocular e monocular, com oclusão não compressiva de um olho. <strong>Resultados: </strong>De acordo com os critérios do Ministério da Saúde e da 10ª Revisão da Classificação Estatística Internacional das Doenças e Problemas relacionados à Saúde (CID-10), 31% dos participantes apresentaram perda visual para longe e 37% para perto, em um ou ambos os olhos. Já de acordo com a CID-11, 13% dos participantes apresentaram deficiência na acuidade visual para longe e 17% para perto. Foram encaminhados 9% dos participantes para avaliação oftalmológica. <strong>Conclusões:</strong> Identificou-se prevalência alta de alterações da saúde visual nos participantes, o que reforça a importância, do ponto de vista da saúde pública, de triagens universais da saúde visual de escolares. Os dados epidemiológicos descritivos gerados podem auxiliar gestores da saúde e educação em tomadas de decisão.</p>Ricardo Queiroz GuimarãesDouglas de Araújo VilhenaFabrício Carvalho SoaresJean Andrade CanestriJuliana Reis GuimarãesMárcia Reis Guimarães
Copyright (c) 2023 Ricardo Queiroz Guimarães, Douglas de Araújo Vilhena, Fabrício Carvalho Soares, Jean Andrade Canestri, Juliana Reis Guimarães, Márcia Reis Guimarães
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2024-02-052024-02-0518453549354910.5712/rbmfc18(45)3549De cuidador a requisitante de cuidado
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3538
<p><strong>Introdução:</strong> A crise global de saúde desencadeada durante a pandemia da COVID-19 resultou em uma maior prevalência de adoecimento mental, sobretudo entre os profissionais de saúde. <strong>Objetivo:</strong> Identificar a relação entre a Síndrome de Burnout e o adoecimento mental nos trabalhadores de saúde durante a pandemia de COVID-19, bem como os fatores de risco relacionados no Brasil. <strong>Métodos:</strong> Trata-se de uma revisão de escopo, na qual foi realizada busca em três bases de dados, utilizando os termos "COVID-19" e "<em>mental health workers</em>", com recorte temporal de artigos publicados entre 2020 e 2022. <strong>Resultados:</strong> Foram incluídos 18 dos 712 artigos encontrados. A análise apontou que os desfechos mais frequentes foram o aumento da prevalência da Síndrome de Burnout, depressão, ansiedade, distúrbios no sono, sintomas de estresse e impacto psicológico geral. Fatores agravantes relacionados incluem aspectos pessoais, estruturais no ambiente de trabalho e governamentais. <strong>Conclusões:</strong> Destaca-se a importância de mais estudos sobre a temática, incluindo análises de impacto a longo prazo.</p>Gabriela Garcia de Carvalho LagunaFernanda Beatriz Melo MacielMariana Novaes SantosQuézia Estéfani Silva GuimarãesHeloísa HeimIsis Souza FerreiraAmanna Vieira GamaKatiene Menezes Rodrigues Azevedo
Copyright (c) 2023 Gabriela Garcia de Carvalho Laguna, Fernanda Beatriz Melo Maciel, Mariana Novaes Santos, Quézia Estéfani Silva Guimarães, Heloísa Heim, Isis Souza Ferreira, Amanna Vieira Gama, Katiene Menezes Rodrigues Azevedo
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2023-12-212023-12-2118453538353810.5712/rbmfc18(45)3538Percepções de médicos e pacientes da atenção primária sobre a telemedicina durante a pandemia de COVID-19
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3468
<p><strong>Introdução:</strong> A pandemia de COVID-19 impôs a necessidade urgente de reorganização por serviços de saúde por todo o planeta, incluindo o âmbito da atenção primária à saúde (APS). Nesse contexto, a telemedicina (TM) logo se mostrou estratégia fundamental para a manutenção da prestação de serviços essenciais em saúde. Entre os obstáculos à disseminação dessa modalidade de cuidado, encontra-se o fator humano.<strong> Objetivo: </strong>Nesse sentido, o presente estudo objetivou verificar as percepções de médicos e pacientes sobre a TM, no nível da APS, durante a pandemia de COVID-19. <strong>Métodos:</strong> Realizou-se revisão integrativa de literatura, de publicações realizadas até 1º de abril de 2022, em três bases de dados (Biblioteca Virtual em Saúde, PubMed e Science Direct). Foram incluídos textos que contivessem “COVID-19”, “telemedicina” e “atenção primária à saúde” (ou seus correspondentes em inglês ou espanhol), simultaneamente, em seus respectivos títulos e/ou resumos. Submetidos à leitura de resumo e texto na íntegra, foram posteriormente excluídos aqueles repetidos; sem descrição de percepções; com foco restrito à doença ou especialidade; sem foco em APS, TM ou COVID-19; sem metodologia explicitada ou definida; e não encontrados, na íntegra, <em>online</em>. Publicações selecionadas, ao final, foram submetidas à análise e tiveram suas características sociodemográficas levantadas e temas emergentes divididos em categorias, com base no Primary Care Assessment Survey, e classificados em potenciais ou fragilidades em cada área. Não foi necessária aprovação pelo comitê de ética. <strong>Resultados: </strong>Treze trabalhos foram selecionados utilizando-se a metodologia descrita. Eles foram subdivididos em dois grupos, com base no enfoque das percepções encontradas (médicos ou pacientes). Foram obtidos textos de países das Américas (cinco estudos), Oriente Médio (quatro estudos), Europa (dois estudos) e Pacífico Ocidental (dois estudos). A telemedicina síncrona foi a modalidade mais citada, com telefone e vídeo como meios mais utilizados.<strong> Conclusões: </strong>A TM apresenta inúmeros potenciais de aplicação no nível da APS, especialmente no que concerne aos seus atributos essenciais de longitudinalidade e coordenação do cuidado. Pode, no entanto, agravar desafios já apresentados pelos sistemas de saúde; ao mesmo tempo que não substitui por completo o atendimento presencial. Deve ser considerada, assim, modalidade de atenção à saúde indivíduo e contexto-dependente.</p>Fellype Henrique Mendanha PereiraCarine Alves Nery Santos
Copyright (c) 2023 Fellype Henrique Mendanha Pereira, Carine Alves Nery Santos
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2023-12-212023-12-2118453468346810.5712/rbmfc18(45)3468Empatia (parte II)
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3548
<p><strong>Introdução:</strong> Este artigo explora o tema da empatia na relação médico-paciente. <strong>Objetivo:</strong> Contribuir para a habilidade de comunicação clínica por meio da estratégia de empatia proposta pela comunicação não violenta (CNV). <strong>Métodos:</strong> Estudo do principal livro de Marshall Rosenberg, <em>Nonviolent Communication: A language of life</em>. Subsequentemente, foi feita a análise de vários vídeos no YouTube, tanto de entrevistas como de oficinas com o próprio Rosenberg. O total de 15 horas e 8 minutos de material audiovisual foi analisado. <strong>Resultados:</strong> O conteúdo selecionado está organizado em três seções: (1) Princípios da CNV; (2) Empatia; e (3) Aplicação da empatia na prática clínica. A CNV contribui para o tema da empatia na comunicação clínica ao propor um modelo de conexão empática por meio do reconhecimento de sentimentos e necessidades de cada pessoa. Esse modelo está organizado em quatro etapas: (a) observação sem julgamento; (b) conexão com os próprios sentimentos; (c) necessidades não satisfeitas; e (d) solicitações e demandas da pessoa. Trata-se de uma síntese, não somente de comunicação, mas de uma intencionalidade e do uso consciente de uma linguagem a serviço da vida, naquilo que está vivo nas pessoas, a cada momento. <strong>Conclusões:</strong> A empatia continua sendo um tema relevante na comunicação clínica. Por se tratar de um assunto complexo, este estudo buscou ferramentas para facilitar sua aplicação prática. A CNV pode contribuir para o fortalecimento da pesquisa e o exercício da empatia na comunicação clínica ao preencher possíveis lacunas sobre o tema.</p>Armando Henrique NormanBeatriz Yumi UeharaThaís de Almeida Morgado
Copyright (c) 2023 Armando Henrique Norman, Beatriz Yumi Uehara, Thaís de Almeida Morgado
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2023-10-092023-10-0918453548354810.5712/rbmfc18(45)3548Oferta e ocupação de vagas de residência em medicina de família e comunidade no Brasil, 2020
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3637
<p><strong>Introdução</strong><strong>:</strong> A ociosidade das vagas é um problema crescente, minando a efetividade da expansão da residência em medicina de família e comunidade no Brasil, expansão essa que se intensificou nos últimos dez anos. Não se sabe até que ponto as vagas ociosas estão sendo efetivamente ofertadas pelos programas de residência. <strong>Objetivo</strong><strong>:</strong> Descrever a oferta e a ocupação de vagas de residência médica em medicina de família e comunidade no Brasil, para estimar até que ponto a não oferta de vagas explica sua ociosidade. <strong>Métodos</strong><strong>:</strong> Obtivemos da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) os dados de um levantamento de programas de residência em 2020, incluindo o número de vagas de primeiro ano (R1) ofertadas e ocupadas. Em seguida, perguntamos aos supervisores dos programas o número de vagas de R1 autorizadas para o mesmo ano e consultamos dados governamentais publicamente disponíveis. Descrevemos a oferta e a ocupação de vagas de residência em função da localização da sede, da natureza jurídica das instituições proponentes e da complementação da bolsa dos residentes. <strong>Resultados</strong><strong>:</strong> Dos 72 programas que responderam ao levantamento da SBMFC, 28 informaram-nos o número de vagas autorizadas. Estes últimos somavam 506 vagas autorizadas, das quais 417 (82%) tinham sido ofertadas. Os 72 programas tinham ofertado ao todo 948 vagas, das quais 651 (69%) tinham sido ocupadas. Entre as vagas ociosas (autorizadas, mas não ocupadas), 42% não tinham sido ofertadas pelos respectivos programas. Este último percentual foi maior na Região Sul; nos programas com sede em municípios de menor porte populacional; nas instituições proponentes estaduais (ou distritais) ou privadas; e em programas sem suplementação da bolsa de residência. <strong>Conclusões</strong><strong>:</strong> Para melhor elucidar os motivos para a ociosidade de vagas de residência em medicina de família e comunidade, futuras pesquisas devem considerar separadamente a oferta e a ocupação das vagas. Da mesma forma, políticas de formação de profissionais para o Sistema Único de Saúde poderiam beneficiar-se do monitoramento da efetiva oferta das vagas autorizadas.</p>Leonardo Ferreira FontenelleLorena Bermudes PermuyDimítria Lengruber SesquimMarcelo Santana Vetis
Copyright (c) 2023 Leonardo Ferreira Fontenelle, Lorena Bermudes Permuy, Dimítria Lengruber Sesquim, Marcelo Santana Vetis
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2023-10-092023-10-0918453637363710.5712/rbmfc18(45)3637Instrumentos de rastreio e diagnóstico de transtornos depressivos utilizados na atenção primária
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3817
<p><strong>Introdução: </strong>A prevalência de transtornos depressivos na população em geral é significativa, e a Atenção Primária à Saúde (APS) desempenha um papel crucial na abordagem dessas questões. A implementação de instrumentos de rastreamento e diagnóstico desses transtornos na APS é uma das estratégias propostas para aprimorar a qualidade do atendimento. No entanto, há uma lacuna de conhecimento em relação à eficácia dessas abordagens. <strong>Objetivo:</strong> Identificar os instrumentos de rastreamento e entrevistas diagnósticas mais empregados em pesquisas envolvendo pacientes que procuram assistência em serviços de APS devido a sintomas depressivos. <strong>Métodos:</strong> Este estudo constitui uma revisão integrativa da literatura, que abordou as bases de dados LILACS e MEDLINE no período compreendido entre outubro e dezembro de 2020. A seleção dos artigos incorporou pesquisas realizadas na APS, as quais empregaram um ou mais instrumentos para rastreamento e/ou diagnóstico de transtornos depressivos. A análise dos títulos, resumos e textos completos foi realizada por pelo menos dois pesquisadores, que extraíram os dados por meio de uma planilha padronizada. Os resultados são apresentados de forma descritiva e narrativa. <strong>Resultados: </strong>Após a aplicação dos critérios de elegibilidade, foram selecionados 413 artigos. Foram identificados 22 instrumentos empregados no rastreamento e diagnóstico da depressão em estudos realizados na APS. O instrumento de rastreamento mais mencionado é o <em>Patient Health Questionnaire</em> e a entrevista diagnóstica mais utilizada foi a <em>Mini International Neuropsychiatric Interview</em>. Predominam os estudos publicados após 2011, realizados na Europa, com população adulta não idosa, visando identificar a prevalência de depressão em diferentes grupos sociais. A maioria dos estudos utilizou instrumentos longos, com critérios analíticos complexos, sem validação e/ou adaptação para a APS, além de apresentarem restrições quanto aos problemas de saúde analisados, tornando-os limitados para uso geral na APS.<strong> Conclusões:</strong> O emprego de instrumentos de rastreamento e diagnóstico para depressão na APS pode representar uma estratégia relevante para aprimorar os cuidados oferecidos a essa população. Contudo, é crucial conduzir pesquisas adicionais a fim de analisar tanto os benefícios quanto as potenciais desvantagens dessa abordagem. Além disso, é imperativo um esforço mais substancial na seleção criteriosa dos instrumentos mais adequados para aplicação.</p>Meirielli Vieira Bruzeguini Talita Falqueto PereiraMarcela Lamborghini Pagel Thayane Cintra LemosEmily da Silva PrataKamila Castro da CruzThiago Dias SartiMaria Carmen Viana
Copyright (c) 2023 Meirielli Vieira Bruzeguini , Talita Falqueto Pereira, Marcela Lamborghini Pagel , Thayane Cintra Lemos, Emily da Silva Prata, Kamila Castro da Cruz, Thiago Dias Sarti, Maria Carmen Viana
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2023-10-092023-10-0918453817381710.5712/rbmfc18(45)3817Internações por condições sensíveis à atenção primária no município de Gramado/RS
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3530
<p><strong>Introdução: </strong>A Atenção Primária à Saúde é a responsável pela coordenação do cuidado e por realizar a atenção contínua da população que está sob sua responsabilidade. Por sua proximidade e vinculação com a comunidade e conhecimento sobre os principais problemas do território, a Estratégia Saúde da Família apresenta maior resolutividade das demandas de saúde, reduzindo, assim, a sobrecarga nos serviços de média e alta complexidade. Para avaliar se a Atenção Primária à Saúde tem desempenhado seu papel com efetividade e qualidade, são necessários instrumentos capazes de verificar de maneira simples e concisa tal situação. Um deles é o de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária. <strong>Objetivo</strong>: Analisar os motivos de internação por condições sensíveis à Atenção Primária à Saúde em Gramado, Rio Grande do Sul, no período de 2015 a 2021. <strong>Métodos</strong>: Estudo ecológico de série temporal, com abordagem quantitativa e característica descritiva. Os dados foram coletados do Sistema de Internações Hospitalares do SUS e utilizou-se o programa Pacote Lista Brasileira de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária no programa R, o qual faz a conversão dos dados de todas as internações por município de referência por meio da Autorização de Internação Hospitalar. Para análise dos dados, a pesquisa foi dividida em dois eixos: clínico-epidemiológico e aspectos demográficos. As causas de internações por condições sensíveis à atenção primária foram baseadas na lista do Ministério da Saúde. <strong>Resultados</strong>: As internações sensíveis à atenção primária representaram 22% (14.083) do total de internações do município de Gramado. Houve mais internações do sexo feminino (54,1%), quando comparado ao masculino (45,9%). Os três principais grupos com maior porcentagem de internação por condições sensíveis à atenção primária foram as doenças pulmonares (18,4%), seguidas de insuficiência cardíaca (17,6%), infecção no rim e trato urinário (14,7%). A faixa etária com maior prevalência foi a de usuários com 60 anos ou mais (57,6%), seguida à de 20 a 59 anos (30,7%) e à de 0 a 4 anos (6,7%). <strong>Conclusões</strong>: Os resultados do comportamento das internações em Gramado nos anos analisados apontam uma redução da proporção delas em relação ao total de internações no município, mas quando avaliadas as taxas padronizadas por sexo e população do município, há uma estabilidade dessas taxas ao longo dos anos analisados.</p>Greice de Medeiros ZirrClaunara Schilling Mendonça
Copyright (c) 2023 Greice de Medeiros Zirr, Claunara Schilling Mendonça
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2023-05-242023-05-2418453530353010.5712/rbmfc18(45)3530Perfil do uso de medicamentos sintéticos e fitoterápicos por gestantes atendidas em uma Unidade Básica de Saúde localizada na região norte do Ceará
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3044
<p><strong>Introdução:</strong> Há escassez de dados clínicos sobre os medicamentos em pacientes gestantes. Para auxiliar na conduta da farmacoterapia nessas pacientes, a <em>Food and Drug Administration</em> (FDA) criou, em 1979, normas de classificação de risco gestacional para os medicamentos. Além disso, no Brasil, há o uso de fitoterapia pela população, atrelada a fatores socioculturais e econômicos, por vezes sem que se saiba quais os riscos que as plantas medicinais possam trazer aos pacientes, sobretudo em gestantes. <strong>Objetivo:</strong> Descrever o uso de medicamentos sintéticos e fitoterápicos por gestantes atendidas em uma Unidade Básica de Saúde, relatando o perfil socioeconômico e histórico de paridade das entrevistadas e classificando o risco gestacional dos insumos utilizados. <strong>Métodos:</strong> Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa, em uma Unidade Básica de Saúde localizada no interior do Ceará. Foram incluídas no estudo as gestantes que realizavam acompanhamento pré-natal na unidade, em qualquer trimestre gestacional, sendo excluídas aquelas menores de idade. Os dados foram coletados por meio de um formulário estruturado, após as participantes assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram tabulados utilizando o Microsoft Excel 365. A classificação de risco dos medicamentos foi realizada utilizando os critérios do FDA, e as plantas medicinais foram classificadas de acordo com os resultados obtidos na literatura em “Indicadas”, “Indicadas com ressalvas” ou “Contraindicadas”. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, com número do parecer 3.569.328.</p>James Banner de Vasconcelos OliveiraTiago Sousa de MeloDébora Patrícia Feitosa MedeirosMagda Elisa Turini da CunhaAntônio Erivelton Passos Fontenele
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2023-11-242023-11-2418453044304410.5712/rbmfc18(45)3044Concepções sobre clínica na formação médica
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3073
<p><strong>Introdução:</strong> Principalmente após a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Medicina, espera-se que seja predominante na formação médica a clínica ampliada, ou seja, aquela que tem como foco central o sujeito e suas particularidades. <strong>Objetivo:</strong> Buscou-se compreender as concepções sobre clínica presentes no imaginário de estudantes e professores de um curso de graduação em Medicina de uma universidade federal localizada no Sul do país. <strong>Métodos:</strong> Trata-se de estudo de caráter exploratório e qualitativo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma universidade federal, sob o Parecer nº 2.950.932, de 9 de outubro de 2018. A coleta de dados deu-se com base em entrevistas com docentes médicos (n=21) e grupos focais com acadêmicos (n=43) que, posteriormente, foram tratados pela análise de conteúdo de Bardin. <strong>Resultados:</strong> Aspectos inerentes à clínica ampliada foram levantados, sobretudo no que diz respeito ao estabelecimento de uma boa relação médico-paciente, à necessidade de desenvolver habilidades comunicativas e de haver um equilíbrio entre os componentes técnico, ético e humanístico. Contudo, alguns discursos característicos da clínica tradicional foram notados, principalmente relacionados à clínica focada no diagnóstico e tratamento de doenças. <strong>Conclusões:</strong> Com esses resultados é possível concluir que, apesar de a clínica ampliada estar presente no curso em questão, isso ainda não se efetivou completamente.</p>Tammy Stephanie Massolin Albrecht CostaCarlos BotazzoGraciela Soares Fonsêca
Copyright (c) 2023 Tammy Stephanie Massolin Albrecht Costa, Carlos Botazzo, Graciela Soares Fonsêca
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2023-02-282023-02-2818453073307310.5712/rbmfc18(45)3073Desafios das práticas de cuidado na Atenção Primária à Saúde a pessoas que vivem com HIV
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3218
<p><strong>Introdução</strong>: No contexto do cuidado e dos desafios presentes no deslocamento da assistência a pessoas que vivem com o vírus da imunodeficiência humana (PVHIV) para a Atenção Primária à Saúde, objetos, ações e sentidos estão envolvidos nas relações desenvolvidas neste cenário de práticas. <strong>Objetivo:</strong> Analisar diferentes relações de cuidado no desenvolvimento do sucesso prático e os impasses na atenção a essa população, nesse contexto. <strong>Métodos:</strong> Observação participante e entrevistas semiestruturadas com profissionais de saúde e pacientes em uma Clínica de Família no município do Rio de Janeiro, envolvendo o conceito de “praticalidades” de Annemarie Mol, que explora os arranjos operacionais, atitudinais e relacionais observados da perspectiva da lógica do cuidado e da lógica da escolha. Na lógica do cuidado, as “praticalidades” atuam como mediadores que buscam superar limites morais, técnicos e sociais, sem predeterminar ou transferir a responsabilidade dos resultados, como na lógica da escolha. <strong>Resultados:</strong> As questões envolvidas no arranjo assistencial às PVHIV na Atenção Primária à Saúde podem envolver barreiras ao acesso e adesão ao tratamento relacionadas ao sigilo, mas também podem viabilizar oportunidades de aprofundamento dessas questões. <strong>Conclusões:</strong> Diferentes elementos podem ser mediadores de novas relações de cuidado para com as pessoas que vivem com o HIV.</p>Clarice de Azevedo Sarmet Loureiro SmiderleCesar Augusto Orazem Favoreto
Copyright (c) 2023 Clarice de Azevedo Sarmet Loureiro Smiderle, Cesar Augusto Orazem Favoreto
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2023-02-282023-02-2818453218321810.5712/rbmfc18(45)3218“Cuidar do outro é cuidar de mim”
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3219
<p><strong>Introdução:</strong> Em janeiro de 2020, foi isolado na China o vírus SARS-CoV-2, causador da doença do coronavírus 19 (COVID-19), que posteriorment disseminou-se globalmente numa pandemia. A Atenção Primária à Saúde (APS) desempenha papel crucial na resposta global à ameaça, considerando-se o papel da APS como uma das portas de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) e como coordenadora do cuidado nesse sistema, com atuação ativa na resposta a surtos e epidemias. Nesse contexto, os profissionais atuantes na APS estão potencialmente expostos a sofrimento mental no cenário pandêmico. <strong>Objetivo: </strong>Analisar os níveis de sofrimento mental entre profissionais de saúde da APS de Petrolina (PE) no contexto da pandemia de COVID-19, verificando possível associação entre sofrimento mental e a atuação desses profissionais na linha de frente de combate à COVID-19. <strong>Métodos:</strong> Trata-se de estudo epidemiológico, transversal, com abordagem quantitativa e caráter exploratório. Foi aplicado um <em>survey</em> <em>online</em> com dados sociodemográficos e ocupacionais, bem como foi feita a avaliação do sofrimento mental nesse grupo de profissionais, por meio da aplicação da Escala de <em>Distress</em> Psicológico de Kessler (K10), sendo as respostas posteriormente analisadas estatisticamente. <strong>Resultados: </strong>Dos participantes, 48,6% apresentaram risco elevado para a presença de transtorno mental no contexto da pandemia de COVID-19, e uma média de 66,8%±21,7% dos sentimentos negativos experimentados têm relação com a pandemia. Além disso, nos 30 dias anteriores ao momento em que cada participante respondeu ao <em>survey</em>, 73,4% (correspondendo a 72,5% dos enfermeiros e 73,9% dos médicos) dos entrevistados relataram frequência maior que o habitual na ocorrência dos sentimentos investigados na Escala K10. A porcentagem média desses sentimentos atribuída às inseguranças/ incertezas/ medos relacionados à pandemia de COVID-19 é de 66,8% (com desvio padrão de ±21,7%). Dos respondentes, 99,1% (99,1%) consideram possível transmitir a infecção para familiares ou pessoas próximas. Trinta e sete (33,94% da população de estudo) declararam que fizeram uso de medicamento ansiolítico ou antidepressivo nos 30 dias anteriores ao momento em que o <em>survey</em> foi respondido, prescrito por médico assistente com quem realiza acompanhamento (19 participantes) ou por automedicação (18 participantes). É fator de sofrimento mental para os respondentes a possibilidade de ser veículo de transmissão de COVID-19 para familiares ou pessoas próximas. Observou-se associação estatisticamente significativa entre risco elevado de transtornos mentais e percepção dos respondentes (total e médicos) acerca dos equipamentos de proteção individual (EPI) disponíveis nas Unidades de Saúde. Não foi observada associação estatisticamente significativa entre sofrimento mental e demais indicadores. <strong>Conclusões:</strong> Num contexto de permanente medo e risco potencial de infecção por COVID-19 nesse grupo de profissionais, o sofrimento mental paira como ameaça permanente. Recomenda-se a adoção de estratégias para a abordagem do sofrimento mental nessa categoria profissional, além de estudos adicionais para determinar o perfil de adoecimento desse grupo.</p>Francisco Telesforo Celestino JuniorErika Denise de Vasconcelos FlorentinoPedro Victor Costa EscobarEledy da Silva de França
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2023-02-122023-02-1218453219321910.5712/rbmfc18(45)3219Enfrentamento da hanseníase em tempos de COVID-19
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3232
<p><strong>Introdução:</strong> A COVID-19 (<em>coronavirus disease 2019</em>) trouxe inúmeros desafios e sobrecarga ao Sistema Único de Saúde (SUS), gerando dificuldades no enfrentamento das outras enfermidades endêmicas e negligenciadas no território brasileiro, entre elas a hanseníase. <strong>Objetivo:</strong> Relatar a experiência de enfrentamento da prevalência oculta de hanseníase por uma equipe de atenção primária à saúde do interior do estado de Sergipe durante a pandemia de COVID-19. <strong>Métodos:</strong> O projeto foi desenvolvido entre os meses de setembro de 2020 e janeiro de 2021 e caracterizou-se pela oferta de exame dermatológico aos indivíduos que buscaram atendimento na unidade de saúde do bairro Cidade Nova, em Estância, Sergipe. Confirmado o diagnóstico de hanseníase, foi introduzido o tratamento com esquema de poliquimioterapia da Organização Mundial da Saúde (PQT-OMS) e os contatos foram examinados, respeitando-se as medidas sanitárias de prevenção à contaminação pela COVID-19. <strong>Resultados:</strong> No período analisado, foram avaliados 235 indivíduos, sendo feitos seis diagnósticos clínicos de hanseníase (2,5%), entre os quais um em menor de 15 anos de idade. No município, durante todo o ano de 2020, registrou-se o total de nove casos novos de hanseníase. Sem o projeto, o coeficiente de detecção de casos novos de hanseníase no município seria de 4,3/100 mil habitantes e, com o projeto, esse coeficiente foi três vezes superior (12,9/100 mil habitantes). <strong>Conclusão:</strong> A oferta de exame dermatoneurológico durante consultas médicas de rotina em áreas vulneráveis permitiu evidenciar a prevalência oculta de hanseníase no bairro Cidade Nova, Estância. Além disso, ações dessa natureza permitem o diagnóstico precoce, evitando-se a evolução para incapacidades físicas.</p>Rômulo Rodrigues de Souza SilvaThais Silva MatosTarcísio Fulgêncio Alves da SilvaDivanise Suruagy CorreiaJosé Roberto AmorimMichael Ferreira MachadoCarolinne de Sales MarquesAmanda Karine Barros Ferreira de AraújoRodrigo Feliciano do CarmoIgor Matheus Jambeiro BrandãoTânia Rita Moreno de Oliveira FernandesCarlos Dornels Freire de Souza
Copyright (c) 2023 Rômulo Rodrigues de Souza Silva, Thais Silva Matos, Tarcísio Fulgêncio Alves da Silva, Divanise Suruagy Correia, José Roberto Amorim, Michael Ferreira Machado, Carolinne de Sales Marques, Amanda Karine Barros Ferreira de Araújo, Rodrigo Feliciano do Carmo, Igor Matheus Jambeiro Brandão, Tânia Rita Moreno de Oliveira Fernandes, Carlos Dornels Freire de Souza
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2023-09-012023-09-0118453232323210.5712/rbmfc18(45)3232Cuidados paliativos na Atenção Primária à Saúde
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3345
<p><strong>Introdução: </strong>O aumento da população idosa e a maior incidência de doenças crônicas não transmissíveis ressaltam a crescente demanda por cuidados no final da vida.<strong> Objetivo: </strong>O presente estudo visou contribuir para a implementação dos cuidados paliativos na Atenção Primária com base no conhecimento da perspectiva de médicos e enfermeiros preceptores de Programas de Residência que atuam na Estratégia Saúde da Família no Rio de Janeiro. <strong>Método: </strong>Trata-se de um estudo qualitativo, em que foram realizadas entrevistas individuais semiestruturadas com cinco médicos e três enfermeiras e três grupos focais, constituídos por 12 médicos; 14 médicos e seis enfermeiras. <strong>Resultados: </strong>Os resultados revelaram casos vivenciados no relato de todos os participantes, mas a inexistência de um aprendizado formal entre outras principais dificuldades: a pressão assistencial, falta de insumos e medicamentos e a não priorização da gestão em nível central representada pela falta de diretrizes governamentais. Entretanto, os participantes foram unânimes em afirmar que os cuidados paliativos devem ser oferecidos na atenção primária e ressaltaram que tanto médicos quanto enfermeiros pautam suas ações na transferência dos conhecimentos relativos para a prática. <strong>Conclusão: </strong>Entre ações discutidas para a implementação dos cuidados paliativos, destaca-se que seu ensino deve envolver, além de um conjunto de teorias e técnicas, uma base humanística, tendo o preceptor papel fundamental.</p>Marcia Cristina Lemos dos Santos Alicia Regina Navarro Dias de SouzaMaria Inez Padula Anderson
Copyright (c) 2023 Marcia Cristina Lemos dos Santos , Alicia Regina Navarro Dias de Souza, Maria Inez Padula Anderson
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2023-09-012023-09-0118453345334510.5712/rbmfc18(45)3345Fatores associados à infeção pelo vírus da dengue
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3347
<p><strong>Introdução:</strong> A dengue é uma doença infecciosa endêmica em regiões tropicais e subtropicais. Para organizar uma rede assistência de saúde e garantir medidas preventivas, manejo clínico adequado, é necessário conhecer os fatores associadas aos casos de dengue. <strong>Objetivo:</strong> Analisar os fatores associados à infecção pelo vírus da dengue de indivíduos notificados no sistema de vigilância em saúde. <strong>Métodos:</strong> Estudo transversal de dados secundários de casos de suspeitos de dengue notificados no Sistema Nacional de Informação de Agravos de Notificação. Foram incluídos os indivíduos notificados com suspeita de dengue com data de notificação entre dia 1º de janeiro de 2016 e 31 de dezembro de 2020 e que residiam em São Mateus (ES). Foram calculadas as frequências relativas e absolutas das variáveis e foi utilizada a regressão de Poisson de variância robusta para calcular a razão de prevalência (RP) e estimar os intervalos de confiança de 95% (IC95%). <strong>Resultados:</strong> Foram notificados 4.547 casos suspeitos de dengue, 2.438 (53,8%) casos foram confirmados, 844 (27,7%) confirmados por critério laboratorial, nove apresentaram sinais de alarme, três foram de dengue grave, 35 necessitaram de internação hospitalar e quatro evoluíram a óbito por dengue. A faixa etária ≥60 anos (RP=1,28; IC95% 1,14–1,45), indivíduos com cinco a oito anos de estudo (RP=1,47; IC95% 1,19–1,81), com prova do laço positiva (RP=1,40; IC95% 1,22–1,60) e diabetes <em>mellitus</em> (RP=4,19; IC95% 1,91–9,20) apresentaram maiores prevalências de dengue. Conclusão: A prevalência da dengue foi maior no grupo de indivíduos com idade maior e igual a 60 anos, com cinco a oito anos de estudo, com diabetes <em>mellitus</em>, que apresentaram prova do laço positiva e leucopenia. Esses grupos apresentam chances maiores de desenvolvimento da dengue grave, sendo necessários esforços dos serviços de assistência e vigilância em saúde em seu manejo clínico.</p>João Paulo ColaThalia Santo Ferreira Daniele Ribeiro LoubaqueHeleticia Scabelo Galavote Cathiana do Carmo Dalto Banhos
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2023-04-302023-04-3018453347334710.5712/rbmfc18(45)3347Avaliação das informações contidas nos encaminhamentos dos pacientes da atenção primária do município de Rio do Sul (SC)
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3358
<p><strong>Introdução:</strong> O processo de encaminhamento é um dos sistemas logísticos em atividade atualmente e tem como função interligar os diferentes níveis de atenção à saúde de determinada Rede de Atenção à Saúde (RAS). <strong>Objetivo:</strong> Avaliar as informações contidas nas guias de encaminhamento dos pacientes referenciados da atenção primária da RAS do município de Rio de Sul (SC). <strong>Métodos: </strong>Estudo observacional, analítico e transversal, em que as guias da RAS foram examinadas com base em um formulário contendo variáveis preestabelecidas. As informações coletadas receberam análise descritiva de frequências e foram representadas por n (frequência absoluta) e % (porcentagem).<strong> Resultados: </strong>Foram analisados 158 encaminhamentos. Dados demográficos estavam presentes em 158 (100%), queixa principal ou motivo da referência em 131 (82,9%), descrição da queixa principal ou do motivo da referência em 82 (51,9%), descrição dos sintomas associados em 21 (13,3%), história patológica pregressa em 61 (38,6%), lista de medicações atuais em 37 (23,4 %), alergias em dez (6,3%), achados de relevância clinica em 75 (47,5%), resultados da investigação prévia em 45 (28,5%), esboço de tratamento prévio em 42 (26,6%), diagnóstico provisório em 75 (47,5%) e declaração do que se espera do encaminhamento em 66 (41,8%). <strong>Conclusões: </strong>Revelou-se carência de informações nos encaminhamentos da RAS quando comparadas às de outros estudos, principalmente no que concerne a informações históricas do paciente, dados clínicos acerca do motivo do encaminhamento, diagnóstico provisório e declaração do que se espera do encaminhamento. No entanto, o incentivo à descrição dessas informações básicas pode ser uma medida inicial para a mudança da conjuntura atual.</p>Eloyve Joaquim Ramos JuniorFranciani Rodrigues da Rocha
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2023-09-212023-09-2118453358335810.5712/rbmfc18(45)3358Perfil dos teleatendimentos realizados pelo núcleo telessaúde-Pará de 2018 a 2019
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3364
<p><strong>Introdução:</strong> O Programa Telessaúde desempenha seu papel na assistência à saúde, especialmente nas regiões que não possuem estrutura ou atendimento médico especializado no Brasil No Pará esse núcleo presta assistência aos 144 municípios do estado. <strong>Objetivo:</strong> Delinear o perfil dos atendimentos realizados no estado do Pará. <strong>Método</strong><strong>s</strong><strong>:</strong> O desenho do estudo foi observacional, retrospectivo e quantitativo, com análise da base de dados do programa. A fonte consultada foi a plataforma do Telessaúde-Pará com as consultorias realizadas entre 2018 e 2019. <strong>Resultados:</strong> Verificou-se que, nesse período, 208 teleconsultorias foram realizadas. Médicos foram os profissionais que mais as solicitaram. Os especialistas que responderam às solicitações com maior frequência foram médicos de família e comunidade, neurologistas e dermatologistas. As dúvidas mais frequentes foram as relacionadas a tratamento farmacológico e diagnóstico. A utilização de teleconsultorias evitou potenciais encaminhamentos em 76,9% dos casos. Entre os profissionais que utilizaram a plataforma, mais de 90% afirmaram satisfação com o serviço. <strong>Conclus</strong><strong>ões</strong><strong>:</strong> Os dados demonstram a importância do programa na resolubilidade da Atenção Primária à Saúde, muito embora ainda haja pouca adesão e subutilização pelos usuários.</p>Michelle Amaral GehrkePaola dos Santos DiasTaiane do Socorro Silva NatividadeAna Carla Carvalho de MagalhãesNapoleão BraunMonaliza dos Santos Pessoa
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2023-02-122023-02-1218453364336410.5712/rbmfc18(45)3364O cuidado em saúde e sua relação com aspectos sociodemográficos das mulheres privadas de liberdade no Brasil
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3412
<p><strong>Introdução: </strong>O sistema carcerário feminino conta com mais de 700 mil mulheres, representando a 3ª maior taxa de detentas do mundo. Nesse sentido, tendo em vista a prevalência e a vulnerabilidade que elas representam, os cuidados em saúde, garantidos pela constituição a essa população, devem ser relevados por meio de estudos, a fim de transformar essa realidade. <strong>Objetivos: </strong>buscar a compreensão de como ocorrem os cuidados em saúde da população carcerária feminina, englobando a estrutura física, social e profissional. <strong>Métodos: </strong>foi realizada uma revisão de literatura integrativa, incluindo estudos que retratam aspectos da saúde do sistema prisional feminino brasileiro. <strong>Resultados: </strong>foram encontrados 7 estudos, dos anos de 2016 a 2020, que demonstram diversos aspectos da precariedade do cuidado em saúde da população carcerária feminina, envolvendo questões como a falta de recursos humanos, materiais e organizacionais, além do foco em queixas agudas, sem abordar a promoção e prevenção em saúde. <strong>Conclusões:</strong> a precariedade do atendimento em saúde das mulheres encarceradas acarreta falta de cuidado integral da saúde, de modo que mais estudos na área são necessários, a fim de analisar profundamente os problemas envolvidos para transformar esse contexto.</p>Maria Eduarda Kegler RamosAna Katharina Dalbosco Marciele BegniniLetícia Lirio dos SantosMaria Eduarda de AlmeidaGabriel Orlandi
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2023-09-222023-09-2218453412341210.5712/rbmfc18(45)3412Hábitos de proteção solar de pacientes atendidos em uma unidade de saúde na Região Sul do Brasil
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3427
<p><strong>Introdução:</strong> O câncer de pele é o câncer mais prevalente no Brasil, principalmente na Região Sul. Apesar da alta prevalência, é uma comorbidade potencialmente prevenível com medidas de fotoproteção. <strong>Objetivo:</strong> Analisar os hábitos de proteção solar em pacientes no âmbito da atenção primária. <strong>Métodos:</strong> Trata-se de um estudo transversal, com abordagem quantitativa e fins analítico-descritivos, com uma amostra de 374 pacientes acima de 18 anos selecionados de uma Unidade Básica de Saúde na Região Sul do Brasil. Como instrumentos, foram utilizados o questionário <em>Sun Exposure Protection Index</em> e um questionário sociodemográfico formulado para este estudo. <strong>Resultados:</strong> Verificou-se que grande parcela dos entrevistados está em alto risco com relação à exposição solar. Praticamente metade não utiliza protetor solar e a maioria não adota métodos de barreira física para se proteger do sol. O risco decorrente da exposição ao sol foi maior em homens (p=0,007), em pessoas com tonalidade de pele mais escura (p=0,033) e em indivíduos com menor escolaridade (p=0,037). A propensão a melhorar os hábitos de fotoproteção foi menor em pessoas com pele de tonalidade mais escura (p=0,010) e em indivíduos com menor escolaridade (p=0,019). De forma geral, verificou-se que, quanto maior é o risco do indivíduo, pior é a propensão a diminuí-lo com medidas de fotoproteção (p<0,001). <strong>Conclusões:</strong> Grande parcela dos entrevistados está em alto risco com relação à exposição solar. Cabe aos profissionais de saúde promover a conscientização sobre os riscos da exposição inadvertida ao sol e orientar sobre condutas saudáveis em fotoproteção.</p>Pedro Henrique FaccendaCristiane da Silva Freitas Carline Letícia Volpato Marcon
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2023-05-242023-05-2418453427342710.5712/rbmfc18(45)3427Cobertura das vacinas pneumocócica, contra poliomielite e rotavírus no Brasil
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3461
<p><strong>Introdução: </strong>Os últimos anos têm sido marcados por queda nas coberturas vacinais, gerando risco para surtos e epidemias de doenças imunopreveníveis. <strong>Objetivo: </strong>Descrever a cobertura das vacinas pneumocócica, contra poliomielite e rotavírus, de 2017 a 2020, nas regiões e unidades da federação (UFs) do Brasil. <strong>Métodos: </strong>Estudo descritivo com dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). Obtiveram-se as coberturas vacinais para cada imunobiológico nas 27 UFs, bem como para as diferentes regiões e para o Brasil no período de 2017 a 2020. Além disso, calcularam-se as diferenças absolutas das coberturas de cada vacina entre os anos de 2019 e 2020. <strong>Resultados:</strong> Em 2017 e 2020, a vacina pneumocócica registrou índices de 92,2 e 81,0%, respectivamente, enquanto a contra poliomielite teve cobertura de 84,7 e 75,8%, e a contra rotavírus apresentou cobertura de 85,1 e 77,0%. A diferença absoluta das coberturas dos imunobiológicos foi de aproximadamente 8 pontos percentuais entre 2019 e 2020. Nenhuma UF atingiu cobertura adequada para poliomielite e rotavírus. <strong>Conclusão:</strong> Houve redução na cobertura vacinal durante o período entre 2019 e 2020, com as coberturas mais afetadas sendo as da vacina contra poliomielite, seguida pela vacina contra rotavírus e, por fim, da vacina pneumocócica. Essa diminuição pode estar relacionada à pandemia da doença do novo coronavírus (COVID-19).</p>Rosália Garcia NevesYohana Pereira VieiraAbelardo de Oliveira Soares JúniorMirelle de Oliveira Saes
Copyright (c) 2023 Rosália Garcia Neves, Yohana Pereira Vieira, Abelardo de Oliveira Soares Júnior, Mirelle de Oliveira Saes
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2023-11-242023-11-2418453461346110.5712/rbmfc18(45)3461 Associação entre doenças respiratórias e fumo passivo domiciliar em crianças de 6 a 10 anos atendidas pela atenção primária em Araguaína/TO
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3482
<p><strong>Introdução: </strong>O tabagismo é definido como a dependência física e psicológica de tabaco, e o fumo passivo consiste na inalação da fumaça de derivados do tabaco por não fumantes. As crianças são especialmente vulneráveis à exposição à fumaça do tabaco.<strong> Objetivo:</strong> Identificar a associação entre fumo passivo domiciliar e morbidade respiratória em pré-escolares de seis a dez anos, por meio de coleta de dados na Atenção Primária à Saúde em Araguaína/TO. <strong>Métodos: </strong>Estudo de perfil descritivo, com corte transversal de caráter quantitativo, conduzido em três unidades básicas de saúde. Foi determinada uma amostra de 72 entrevistados, selecionados de forma aleatória em meio às unidades básicas. Os resultados foram colhidos de questionários respondidos por familiares ou responsáveis das crianças. <strong>Resultados:</strong> O teste de <em>Odds Ratio</em> (OR) obteve o resultado de 3,06, com intervalo de confiança de 95% — IC95% 1,16 – 8,11 e p<0,05, revelando assim a existência de correlação entre o desenvolvimento de doenças respiratórias e o fumo passivo domiciliar em crianças de seis a dez anos. A prevalência do tabagismo passivo domiciliar foi de 44,4%, expondo à fumaça do cigarro as crianças, que manifestam sintomas como tosse seca, chiado no peito, respiração rápida, dor e secreção no ouvido. <strong>Conclusões:</strong> Foi comprovada a associação entre tabagismo passivo domiciliar e morbidade respiratória entre crianças de seis a dez anos. Não se obteve a conexão entre o tabagismo passivo e o aumento do número de internações por causa respiratória.</p>Davi Neto Camargo MesquitaRodolfo Lima AraújoAlexandre Gomes do Nascimento Cunha
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2023-09-292023-09-2918453482348210.5712/rbmfc18(45)3482O paradoxo da popularidade no rastreamento mamográfico e a prevenção quaternária
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3487
<p><strong>Introdução:</strong> Apesar dos sobrediagnósticos (diagnósticos de doenças que não se manifestariam clinicamente) no rastreamento mamográfico terem tornado duvidoso o balanço benefícios-danos, persistem suas recomendações positivas às mulheres (>50 anos) e aos profissionais, o que demanda prevenção quaternária — evitação de danos iatrogênicos e sobremedicalização. Nessa persistência, estão envolvidos expectativas fictícias, cultura moralista preventivista, medicina de vigilância e biocapitalismo (interesses econômicos). Argumentamos que o “paradoxo da popularidade” — expansão paradoxal da popularidade dos rastreamentos alimentada pela produção de seus danos iatrogênicos — tem mais importância nesse contexto do que se tem considerado. <strong>Objetivo:</strong> Descrever e discutir alguns modos de operação possíveis desse paradoxo nos profissionais de saúde. <strong>Métodos</strong><strong>:</strong> Ensaio baseado em literatura selecionada intencionalmente. <strong>Resultados:</strong> Para além da síntese desse paradoxo nas populações, sua operacionalidade em profissionais de saúde envolve fatores cognitivos (invisibilidade dos casos sobrediagnosticados, diluição dos casos graves entre os sobrediagnosticados e feedbacks cognitivos apenas positivos na experiência clínica), políticos (interesses corporativos e comerciais poderosos) e psicológicos (significativa recompensa subjetiva de tratar mais pessoas com ótimo resultado e menor desgaste emocional derivado do cuidado aos casos sobrediagnosticados, além de outros comuns vieses psicocognitivos). <strong>Conclusões:</strong> Os processos discutidos podem ser relevantes para a prevenção quaternária e um melhor manejo clínico e institucional desse rastreamento, que deve envolver os profissionais da Atenção Primária à Saúde e vários outros atores sociais.</p>Charles Dalcanale Tesser
Copyright (c) 2023 Charles Dalcanale Tesser
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2023-10-242023-10-2418453487348710.5712/rbmfc18(45)3487A qualidade dos folhetos informativos sobre saúde
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3499
<p><strong>Introdução:</strong> Os folhetos informativos são um dos instrumentos de comunicação mais utilizados para informar os doentes. <strong>Objetivo:</strong> Pretende-se, assim, analisar os folhetos informativos recolhidos num centro de saúde responsável pela prestação de cuidados de saúde primários em Portugal. <strong>Métodos:</strong> A análise foi realizada com a aplicação da grelha Suitability Assessment of Materials. Esse teste tem como objetivo avaliar os materiais informativos quanto à sua adequabilidade, classificando-os como inadequados, adequados ou muito adequados. <strong>Resultados: </strong>Os folhetos disponíveis nessa unidade de saúde são muito adequados para a promoção da saúde e a prevenção da doença. <strong>Conclusões:</strong> A produção de materiais informativos, como folhetos informativos, usualmente disponíveis nas salas de espera das unidades de saúde, deve continuar a ser um dos instrumentos de comunicação desenvolvidos pelas instituições responsáveis pelos cuidados de saúde primários, em Portugal, para informar os doentes.</p>Andreia GarciaMafalda Eiró-Gomes
Copyright (c) 2023 Andreia Garcia, Mafalda Eiró-Gomes
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2023-05-072023-05-0718453499349910.5712/rbmfc18(45)3499 Multimorbidade e fatores associados em adultos usuários da Atenção Primária à Saúde no norte do Rio Grande do Sul
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3504
<p><strong>Introdução: </strong>As mudanças no estilo de vida levam ao aumento da exposição a fatores de risco a doenças crônicas e, diante disso, torna-se mais frequente a simultaneidade de tais doenças, em idades cada vez mais precoces, o que caracteriza uma condição complexa e desafiadora na área da saúde. <strong>Objetivo: </strong>Analisar a prevalência e os fatores associados à multimorbidade em usuários da Atenção Primária à Saúde (APS) de Passo Fundo, norte do Rio Grande do Sul, Brasil. Métodos: Realizou-se um estudo transversal, cujos dados foram coletados por meio da aplicação de questionários a adultos atendidos na rede urbana da APS de maio a agosto de 2019. Calculou-se a prevalência do desfecho, com intervalo de confiança de 95% (IC95%) e as razões de prevalência (RP) brutas e ajustadas, visando identificar os fatores associados. <strong>Resultados: </strong>A prevalência de multimorbidade na amostra de 958 participantes foi de 31% (IC95% 28–34) e seus fatores associados foram idade de 50–59 anos (RP=5,47; IC95% 3,54–8,45), autopercepção negativa de saúde (RP=1,61; IC95% 1,29–2,01), excesso de peso (RP=3,14; IC95% 2,21–4,44) e polifarmácia (RP=1,55; IC95% 1,33–1,81). <strong>Conclusão: </strong>A multimorbidade é prevalente na população atendida na APS, e sugere-se que as equipes de saúde busquem estratégias de investigação dessa condição e dos fatores que possam estar associados.</p>Vinícius Estanislau AlbergariaMarindia BiffiGustavo Olszanski AcraniIvana Loraine Lindemann
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2023-09-292023-09-2918453504350410.5712/rbmfc18(45)3504Percepções acerca das mudanças na relação médico-paciente durante a pandemia por COVID-19 à luz das narrativas médicas
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3509
<p><strong>Introdução: </strong>A relação médico-paciente tem sido muito estudada ao longo dos anos e sua importância na prática médica é um consenso. No final do ano de 2019 o mundo começou a luta contra a pandemia causada pelo novo coronavírus. Os médicos de família e comunidade atuaram na linha de frente da pandemia. <strong>Objetivo:</strong> Este estudo teve como objetivo analisar as percepções dos médicos de família e comunidade na relação médico-paciente durante a pandemia da COVID-19. <strong>Métodos:</strong> Trata-se de um estudo qualitativo de análise do conteúdo das narrativas médicas, publicadas no <em>blog</em> "Causos Clínicos". O <em>corpus</em> de análise seguiu a metodologia proposta por Bardin. <strong>Resultados: </strong>Foram identificadas 42 narrativas com a temática de COVID-19 e relação médico-paciente. Após a análise de conteúdo, foram identificadas três categorias: emoções, contato físico e mudanças no sistema de saúde. Cada uma delas teve subcategorias específicas de acordo com as características das narrativas, podendo estar relacionada com “fortalezas e enfrentamentos”: emoções conflituosas de saúde mental pessoais e também relacionadas ao papel social do médico; a necessidade do distanciamento social, reduzindo o contato físico; mudanças no sistema de saúde próprias desse período, como persistência de demandas clínicas e sociais, redução da disponibilidade de consultas presenciais e falta de insumos básicos de proteção; ou “barreiras e dificuldades”: exercício da empatia; prática da escuta qualificada, do olhar atento e de habilidades de comunicação, além do uso da telemedicina. As informações obtidas na literatura corroboram os resultados encontrados nesta pesquisa. Quanto às limitações, este estudo contemplou apenas o olhar do médico e reuniu outras informações relevantes sobre a temática que não puderam ser incluídas nos resultados. <strong>Conclusões: </strong>De posse das informações obtidas neste trabalho foi possível concluir que de fato a relação médico-paciente sofreu alterações diante das variáveis identificadas, porém as narrativas revelam que mesmo em tempos de crise é possível estabelecer ligações significativas entre o médico e o paciente.</p>Militza MachadoCamila Franco
Copyright (c) 2023 Militza Machado, Camila Franco
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2023-10-082023-10-0818453509350910.5712/rbmfc18(45)3509Perfil dos atendimentos em cuidados paliativos pelo Serviço de Atenção Domiciliar de Divinópolis-MG
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3528
<p><strong>Introdução: </strong>Os cuidados paliativos são voltados para o controle de sintomas físicos, sociais, espirituais e emocionais. Atualmente, há no Brasil um cenário de acúmulo de pacientes em situação de terminalidade, o que contribui para que o país seja apontado como o 3º pior lugar para se morrer. A desospitalização, com cuidado prestado pela Atenção Domiciliar, é apontada como uma forma de aprimorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir os custos para o Sistema de Saúde. <strong>Objetivo: </strong>Identificar o perfil dos pacientes em cuidados paliativos assistidos pelo Serviço de Atenção Domiciliar de Divinópolis-MG, bem como as intervenções realizadas e sua efetividade.<strong> Métodos: </strong>Estudo de caráter descritivo, realizado a partir da análise retrospectiva de prontuários de pacientes que receberam alta do Serviço de Atenção Domiciliar de Divinópolis-MG entre 2020 e 2021, com coleta quantitativa dos seguintes dados: sexo, idade, endereço de moradia, equipe multiprofissional de atenção domiciliar responsável pelo atendimento, tipo de enfermidade, intervenções realizadas pelas equipes do Serviço de Atenção Domiciliar, efetividade das intervenções feitas pelas equipes do Serviço de Atenção Domiciliar, sintomas apresentados, eficácia do controle sintomático e razão da alta do serviço. <strong>Resultados: </strong>Foram coletados os dados de 72 prontuários; a partir disso, constatou-se uma faixa etária média de 67,38 anos, com predomínio de atendimentos a pacientes do sexo feminino e de acometimento por enfermidades neurodegenerativas. Em relação aos sintomas apresentados nos prontuários, 54 foram tratados de forma eficaz, 23 de forma ineficaz e 22 não foram tratados. As altas por controle sintomático representaram 43,04% do total. <strong>Conclusões: </strong>Ressalta-se a capacidade do Serviço de Atenção Domiciliar de manejar adequadamente os pacientes elegíveis para os cuidados paliativos, a fim de controlar sintomas — físicos, sociais, psicológicos e familiares —, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do paciente e de seu círculo social.</p>Alexandre Ernesto SilvaVinícius Leite MeloMaria Alice GuadalupeThais Bueno Enes dos SantosLuciana Cristina da Silveira
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2023-11-242023-11-2418453528352810.5712/rbmfc18(45)3528Resposta aos cuidados paliativos na Atenção Primária à Saúde
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/4022
Ivan DuarteJaqueline Klein SimionatoLaís Biz Mendes de ResendesDaniella Koch de CarvalhoChaiana Esmeraldino Mendes Marcon
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2024-02-172024-02-1718454022402210.5712/rbmfc18(45)4022Porque cuidar de mim é também cuidar do outro
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/4005
Marianela Rafaela Calvis GonzálezTeresa González Véliz
Copyright (c) 2023 Marianela Rafaela Calvis González, Teresa González Véliz
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2024-02-172024-02-1718454005400510.5712/rbmfc18(45)4005Encanto
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3966
<p><em>Encanto</em> é uma animação de 2021 dos estúdios Disney. Retrata a história de uma família multigeracional que divide o mesmo domicílio, habitante de uma aldeia nas montanhas da Colômbia remota. A orientação familiar é atributo da Atenção Primária à Saúde e a abordagem familiar é competência do médico de família e comunidade. Esta resenha propôs-se a analisar os elementos de abordagem e terapia familiar presentes em <em>Encanto</em>, com base no Modelo em Quatro Etapas de Salvador Minuchin. A audiência do filme possibilita ao médico de família identificar padrões e transações familiares disfuncionais, além de elementos de terapia familiar, por isso ele pode ser útil como material de formação em abordagem familiar. Também pode ser usado como ferramenta de "cinematerapia" com as famílias que estão em acompanhamento na Atenção Primária por problemas semelhantes aos da trama.</p>Bruno Henrique Soares PessoaEneline de Andrade Heráclio Gouveia PessoaMagda Pozzobon Silva
Copyright (c) 2023 Bruno Henrique Soares Pessoa, Eneline de Andrade Heráclio Gouveia Pessoa, Magda Pozzobon Silva
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2023-12-142023-12-1418453966396610.5712/rbmfc18(45)3966Vórtex
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3816
<p>O filme <em>Vórtex</em>, dirigido por Gaspar Noé e lançado em 2021, retrata o processo de final de vida de um casal que mora na França. A potência desta obra reside não só na correlação fiel da narrativa com os eventos reais do cotidiano, mas especialmente no modo sublime e sensível como a história é apresentada. É um espetáculo contemporâneo que permite elucidar dinâmicas familiares íntimas no estágio de terminalidade. Sendo assim, ergue-se como uma obra de grande valia para aqueles que cuidam de pessoas que estão morrendo, como profissionais de saúde, e suscita reflexões de foro social para o mundo pós-moderno.</p>Rafael Fernandes de AlmeidaBruna Lasserré Nunes Coêlho
Copyright (c) 2023 Rafael Fernandes de Almeida, Bruna Lasserré Nunes Coêlho
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2023-12-142023-12-1418453816381610.5712/rbmfc18(45)3816A pandemia da COVID-19 e o Programa “Fica em Casa”
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3129
<p><strong>Problema:</strong> A Atenção Primária à Saúde, após a pandemia de COVID-19, necessitou diversas adaptações para garantir o acesso à saúde. Para manter uma aproximação da comunidade no início da pandemia, um grupo de residentes da área de saúde da Unidade de Saúde Costa e Silva, em Porto Alegre (RS), organizou um programa de rádio de transmissão via WhatsApp, o “Fica em Casa”. Este artigo reflete sobre a construção do programa e seus desdobramentos. <strong>Método:</strong> Trata-se de um relato de experiência de uma rádio criada com base no diário de campo dos envolvidos, com reflexões acerca dela. <strong>Resultados:</strong> O programa “Fica em Casa” é uma forma de rádio expandida que não se limita à transmissão hertziana, mas consiste em uma iniciativa de radiodifusão comunitária em sua essência social, participativa e cultural. As vozes da equipe sugerem segurança para a comunidade como um espaço de micropolítica e valorização da autonomia em resposta à desinformação. <strong>Conclusão:</strong> O “Fica em Casa” funcionou como forma de acesso à saúde, educação popular, direito, resistência, memória e arte.</p>Mayara FlossCarlos Augusto Vieira IlgenfritzFlora Prati BarbosaFernanda Miranda Seixas EinloftClaunara Schilling MendonçaLuiza Dias CorrêaAndrei dos Santos Rossetto
Copyright (c) 2023 Mayara Floss, Carlos Augusto Vieira Ilgenfritz, Flora Prati Barbosa, Fernanda Miranda Seixas Einloft, Claunara Schilling Mendonça, Luiza Dias Corrêa, Andrei dos Santos Rossetto
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2023-04-082023-04-0818453129312910.5712/rbmfc18(45)3129Formação de um residente de Medicina de Família e Comunidade no contexto da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3155
<p><strong>Problema:</strong> Mudanças no perfil de morbimortalidade brasileiro têm evidenciado a importância das doenças genéticas, porém os dados epidemiológicos ainda são limitados. Desde 2014, a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras visa fomentar a assistência integral no Sistema Único de Saúde (SUS). Entretanto, os profissionais da atenção primária ainda não são suficientemente capacitados para a abordagem das doenças genéticas e raras. O objetivo do estudo é apresentar a experiência adquirida por um médico residente em Medicina de Família e Comunidade em um serviço de referência em doenças genéticas e raras. <strong>Método:</strong> Trata-se de um relato de experiência de estágio eletivo desenvolvido durante oito semanas no Serviço de Genética Médica do Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia (HUPES-UFBA). O estágio foi composto de rotações em ambulatórios, laboratório, enfermaria e participação em aulas teóricas. <strong>Resultados:</strong> O residente teve contato com conhecimentos e ferramentas de genética que são úteis à sua prática como médico de família e comunidade, auxiliando na atenção às pessoas com doenças genéticas e raras. Também identificou como ferramentas e princípios da atenção primária à saúde potencializam o cuidado em genética médica. <strong>Conclusão:</strong> A experiência situou o residente quanto ao seu papel na linha de cuidado em doenças raras, reforçando a responsabilidade do profissional da atenção primária na assistência integral.</p>Laércio Moreira Cardoso JúniorMariana Machado AragãoLarissa Souza Mario Bueno
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2023-02-122023-02-1218453155315510.5712/rbmfc18(45)3155Relato de experiência
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3497
<p><strong>Problema: </strong>As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Medicina preconizam a rede de saúde como o principal lócus de formação acadêmica, o que permite a integração do ensino ao Sistema Único de Saúde (SUS). Para atender a essa prerrogativa, novas estratégias de ensino-aprendizagem devem ser adotadas pelas instituições em colaboração com o sistema de saúde. <strong>Método: </strong>Relato de experiência de docente e de residentes de Medicina de Família e Comunidade sobre o desenvolvimento das atividades de estágio de docência em disciplina inicial de um curso de graduação em Medicina. A interação do docente e dos residentes com os estudantes de Medicina foi realizada no formato <em>online</em> em razão da pandemia do SARS-CoV-2. <strong>Resultados: </strong>Houve o desenvolvimento de atividades de ensino na rede de saúde, com vivências práticas dos princípios do SUS e da Atenção primária à Saúde. <strong>Conclusão: </strong>A congregação dos conhecimentos dos graduandos e dos médicos residentes uniu as necessidades de aprendizagem e promoveu uma interação criativa e reflexiva entre os jovens médicos e os ingressantes do curso de Medicina. A iniciativa foi relevante para a iniciação à docência dos médicos residentes e para o aprendizado inicial dos graduandos.</p>Charles Bernardo Buteri FilhoAdriana Maria de FigueiredoDaniel Demétrio Magalhães
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2023-05-072023-05-0718453497349710.5712/rbmfc18(45)3497Potencialidades da reunião de equipe no território
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3878
<p>A Estratégia Saúde da Família (ESF), modelo robusto de Atenção Primária à Saúde (APS) criado no Brasil, busca ampliar o vínculo entre a equipe e as pessoas, famílias e respectivas comunidades, bem como aumentar a capacidade resolutiva no âmbito dos problemas de saúde mais comuns, provocando significativo impacto na situação de saúde em nível local. Neste cenário, o trabalho em equipe apresenta-se como elemento fundamental para uma produção de cuidados de saúde orientada pelos atributos da ESF. Nesta perspectiva, é fundamental realizar periodicamente reuniões das respectivas equipes com o propósito de implementar um processo participativo de planejamento baseado reflexão e discussão dos desafios existentes e no delineamento de ações a serem desenvolvidas tanto no âmbito individual quanto comunitário. A reunião de equipe deve, portanto, envolver o conjunto de profissionais que a compõem com o objetivo tanto de avaliar as ações realizadas quanto de planejar e organizar o próprio processo de trabalho. Este trabalho de Conclusão de Residência pretende relatar a vivência de uma Residente de Medicina de Família e Comunidade em reuniões de equipe, com a participação de usuários, no território de uma clínica da família no Rio de Janeiro. Trata-se de um estudo qualitativo baseado no relato de experiência de reuniões de uma equipe de Saúde da Família programadas com a comunidade considerando-se a percepção da autora e respectiva equipe. Por fim, entende-se que, ao promover reuniões de equipe no território orientadas por uma lógica subjacente à ESF, é fundamental valorizar a Educação Popular em Saúde, até porque tal participação se mostra, de fato, uma força social capaz de dialogar com a equipe profissional sobre problemas e prioridades de forma equânime, democrática e participativa.</p>Jessica Fernanda Souza De MacedoPhilipp Rosa de Oliveira
Copyright (c) 2023 Jessica Fernanda Souza De Macedo, Philipp Rosa de Oliveira
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2023-12-142023-12-1418453878387810.5712/rbmfc18(45)3878(Des)interesse feminino pelo DIU na APS
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3822
<p><strong>Introdução:</strong> Diante da presença das mulheres no mercado de trabalho e nas universidades e da consequente postergação da maternidade, o uso de métodos contraceptivos que lhes garantam autonomia, segurança e liberdade é essencial para a manutenção de seu papel de crescente destaque na sociedade. Estudos demonstram que as informações a respeito do dispositivo intrauterino (DIU) ainda não alcançam a população efetivamente, de modo que a decisão pela utilização do método ainda é permeada por insegurança e desinteresse. <strong>Métodos:</strong> Trata- se de um estudo piloto que utilizou como técnica de coleta de dados a aplicação de questionário, de elaboração própria, a 12 usuárias de uma Unidade de Atenção Primária à Saúde em Araturi, Caucaia, Ceará, localizada na região metropolitana de Fortaleza. Os dados coletados foram comparados com o levantamento bibliográfico realizado acerca dos aspectos que podem interferir no interesse das mulheres pelo DIU como método contraceptivo. <strong>Resultados:</strong> Entre as 12 mulheres do estudo, o método contraceptivo mais utilizado foi <em>condom</em>; nenhuma fazia uso de DIU. Apesar de 83% delas manifestarem conhecimento e interesse pelo DIU, 60% afirmaram nunca ter recebido explicações sobre o método por algum profissional de saúde. Medo, falta de informação e dificuldade de acesso foram as barreiras impeditivas à escolha pelo DIU mais comumente citadas. <strong>Conclusões:</strong> Atividades de educação em saúde realizadas de forma oportuna pelos profissionais de saúde têm o potencial de reduzir as barreiras mais comuns à escolha pelo DIU e podem refletir de forma positiva na garantia dos direitos reprodutivo e sexual das mulheres.</p>Camila Sampaio NogueiraRafaela Yasmine de Sousa FerreiraFrancisco das Chagas Medeiros
Copyright (c) 2023 Camila Sampaio Nogueira, Rafaela Yasmine de Sousa Ferreira, Francisco das Chagas Medeiros
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2023-12-142023-12-1418453822382210.5712/rbmfc18(45)3822As potencialidades do acompanhamento a uma pessoa transgênero por um médico de família e comunidade
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3847
<p><strong>Introdução:</strong> A marginalização de pessoas transgênero e as barreiras de acesso à saúde, oriundas da patologização e do histórico processo de intolerância para com elas, são determinantes para transformar o itinerário terapêutico em um percalço, interferindo fortemente na relação com os profissionais e nos cuidados prestados. <strong>Objetivos: </strong>Demonstrar como um médico de família e comunidade pode atuar como agente modificador na Atenção Primária à Saúde, tendo capacitação e utilizando as ferramentas da especialidade, para promover vínculo e equidade. <strong>Métodos:</strong> Relato da experiência do acompanhamento de uma usuária transgênero que teve seu itinerário terapêutico inteiramente modificado a partir da mudança de posicionamento de sua equipe de referência, analisando o prontuário prévio e comparando com o vivenciado pela nova equipe. <strong>Resultados:</strong> Observou-se que a usuária em questão teve mudança expressiva em relação ao acompanhamento e aos cuidados em saúde após a utilização das ferramentas e a criação de vínculo, aderindo à terapia antirretroviral, fazendo uso consciente de benzodiazepínicos e permanecendo em abstinência do uso de drogas. <strong>Conclusões: </strong>Diante do observado e com o amparo da literatura, fica claro que o fomento à discussão e à capacitação para as questões trans são fundamentais durante a residência de Medicina de Família e Comunidade, para que o médico seja um recurso efetivo da população, com capacidade para criar um vínculo responsável, prestando um serviço com equidade, longitudinalidade e integralidade.</p>Rafael Kafuri BonacossaPhilipp Rosa de Oliveira
Copyright (c) 2023 Rafael Kafuri Bonacossa, Philipp Rosa de Oliveira
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2023-12-052023-12-0518453847384710.5712/rbmfc18(45)3847Plantação de uma agrofloresta comunitária em uma Unidade de Saúde da Família no Semiárido Baiano
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3799
<p>A Unidade de Saúde da Família (USF) Argemiro, localizada em Juazeiro (BA), no Semiárido Nordestino, abarca três equipes de saúde e diversos pacientes diariamente, em um prédio sem estrutura para acolhimento adequado. Muitas vezes os pacientes precisam esperar em ambientes sem sombra. Aliado a isso, parcela da população encontra-se em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar. É sabido e registrado na literatura que, ao longo da história, a humanidade beneficia-se do convívio com áreas verdes. Além disso, a existência de áreas verdes pode ajudar a produzir conforto térmico em áreas de maior calor, produzir alimentos e gerar ambientes de convívio. Surge daí a ideia de produzir uma agrofloresta comunitária na USF Argemiro. Métodos: O presente artigo é o relato de experiência de um médico residente sobre o processo de produção da agrofloresta entre 30 de julho de 2022 e 21 de dezembro de 2022. Resultados: A agrofloresta foi plantada ao longo de oito encontros, em conjunto com as equipes de saúde e com os usuários de serviço. Foram identificados desafios relacionados à distância, tipo de solo, falta de suporte técnico e grande demanda assistencial da própria unidade de saúde. No momento, a agrofloresta encontra-se sem o manejo adequado, embora a organização da equipe e da comunidade possa restaurar o bom andamento do projeto. Conclusões: A produção de uma agrofloresta demanda vários atores e organização. Desafios surgiram e foram superados de maneira coletiva, porém é um projeto facilmente replicável em diversas USF do Brasil de baixo custo material, com diversos benefícios à população adscrita, às equipes de saúde e ao meio ambiente em geral.</p>Marcel Luis de Moraes OliveiraMarcos Costa Santos
Copyright (c) 2023 Marcel Luis de Moraes Oliveira, Marcos Costa Santos
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2023-12-052023-12-0518453799379910.5712/rbmfc18(45)3799Avaliação de letramento de risco em estudantes de medicina
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3802
<p><strong>Introdução: </strong>Para o processo de decisão compartilhada é essencial que profissionais da saúde interpretem dados estatísticos das melhores evidências disponíveis para que essas informações possam ser comunicadas para seus pacientes. Nesse contexto, o letramento de risco é a capacidade de avaliar riscos e benefícios de determinada ação. Apesar da importância dessa habilidade, estudos têm mostrado que muitos profissionais e estudantes possuem dificuldade na compreensão de conceitos estatísticos e de probabilidade e, dessa forma, baixo letramento de risco. <strong>Objetivo:</strong> Este estudo teve como objetivo avaliar o letramento de risco em estudantes de medicina e como isso impacta a capacidade de resolver um problema de cálculo de valor preditivo positivo de um exame de rastreamento. <strong>Métodos: </strong>Foram convidados estudantes do 4º, 5º e 6º anos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para responder a um questionário composto pelo <em>Berlin Numeracy Test</em> (BNT), instrumento validado para a mensuração de numeracia, e um problema clínico sobre cálculo de valor preditivo positivo (VPP) em rastreamento de câncer de mama com mamografia. Avaliar qual o grau de letramento de risco em estudantes de medicina e verificar se existe associação entre o número de acertos no BNT e a capacidade de resolução do cenário clínico sobre VPP. <strong>Resultados: </strong>Obtivemos 97 respostas, em que 19 (19,52%) participantes acertaram 3 das 4 questões do BNT, e 61 (62,89%) acertaram todas as questões. Já na pergunta sobre VPP do rastreamento de câncer de mama houve 43 respostas corretas (44,33%). A média de pontuação no BNT da amostra de participantes foi de 3,41. Entre os estudantes que acertaram o cálculo do VPP, a média foi 3,67 e, entre os que erraram, foi de 3,21. <strong>Conclusões: </strong>Apesar da numeracia alta medida pelo BNT, os estudantes apresentam baixa taxa de acerto no caso clínico. Este estudo reforça os achados prévios de que o letramento de risco é uma habilidade difícil de ser aprendida, mesmo em pessoas com alta numeracia. Entretanto, o baixo número de respostas dificulta a interpretação mais precisa dos resultados.</p>Lucas Magalhães MoreiraFabio Yuji FurukawaItamar SantosGustavo Diniz Ferreira Gusso
Copyright (c) 2023 Lucas Magalhães Moreira, Fabio Yuji Furukawa, Itamar Santos, Gustavo Diniz Ferreira Gusso
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2023-12-052023-12-0518453802380210.5712/rbmfc18(45)3802Das sílabas às rimas
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3807
<p><strong>Problema: </strong>A educação médica tradicional pautada no modelo biomédico cartesiano, apesar dos avanços tecnológicos, vem sendo questionada em razão de sua limitação perante as incertezas e complexidades inerentes à saúde humana e a atenção primária à saúde. Com base em evidências da limitação do uso estrito da medicina clássica flexneriana na educação médica, este trabalho buscou apresentar a arte como ferramenta alternativa de ensino na graduação de Medicina. <strong>Método:</strong> Para atingir esse objetivo, utilizou-se a revisão de literatura narrativa e o relato de experiência, de modo a demonstrar e analisar o uso das artes durante o módulo de atenção primária à saúde do internato de medicina, vivenciado no campo de prática e sob orientação do médico residente de Medicina de Família e Comunidade. <strong>Resultados: </strong>Com esta pesquisa, discutiram-se as possíveis contribuições do uso das artes para a formação médica, como também se procurou estimular o uso de formas alternativas de educação com base na apresentação do uso prático delas, na rotina diária, da interação entre graduação de Medicina e residência de MFC. <strong>Conclusão: </strong>Dessa forma, o uso da arte contribuiu para a consolidação de conhecimentos técnicos, habilidades e atitudes dos estudantes de Medicina relacionados ao cuidado integral à saúde, à empatia e ao vínculo médico-pessoa. Além disso, proporcionou evolução pessoal e profissional ao preceptor do módulo, baseada em reflexões sobre o processo de aprendizagem, métodos alternativos de educação com foco no cuidado da pessoa e na relação médico-paciente.</p>Layla Calazans MüllerCaroline Mota de SouzaEzequiel Fernandes da Costa NetoAngélica Karlla Marques Dias
Copyright (c) 2023 Layla Calazans Müller, Caroline Mota de Souza, Ezequiel Fernandes da Costa Neto, Angélica Karlla Marques Dias
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2023-12-052023-12-0518453807380710.5712/rbmfc18(45)3807A experiência de um grupo de saúde mental para adolescentes na Atenção Primária à Saúde
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3812
<p><strong>Problema:</strong> Os transtornos mentais estão cada vez mais prevalentes entre os adolescentes, principalmente após a pandemia de COVID-19. A escola é um ambiente de identificação desse sofrimento por parte de professores, orientadores e outros colegas. Identificou-se, por meio do Programa Saúde na Escola, a necessidade de intervenção na promoção da saúde mental de adolescentes em uma das escolas do território da Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 Candangolândia. Foi construída uma intervenção interprofissional que ocorreu durante o ano letivo, descrita neste artigo. <strong>Método:</strong> Trata-se de um relato da experiência de profissionais de uma UBS do Distrito Federal na realização de um grupo de saúde mental para adolescentes em uma escola pública. <strong>Resultados:</strong> O grupo foi elaborado com alunos do 6º ao 9º ano, alguns indicados pela orientadora educacional e outros com interesse de forma voluntária, com encontros semanais. Alguns dos temas trabalhados foram: ansiedade, conflitos familiares, planos para o futuro, conflitos na escola, entre outros. No decorrer do ano, notou-se que alguns estudantes se encontravam em sofrimento mental importante e, em um dos encontros, foi realizada uma triagem por meio do instrumento <em>Patient Health Questionnaire 9</em> (PHQ-9). Por meio dessa ferramenta, foram identificados casos complexos que demandam acompanhamento individual e, a partir daí, foi possível convocar familiares e encaminhá-los para avaliação em suas UBS de referência. Ao fim do ano, a percepção dos profissionais envolvidos foi que o trabalho realizado no grupo surtiu efeito no comportamento dos estudantes, com diminuição das demandas levadas à orientadora e à coordenadora educacional. Entre as dificuldades, encontramos resistência no envolvimento de pais e responsáveis no plano de cuidado proposto pela equipe. <strong>Conclusão:</strong> Um espaço de escuta qualificado e interprofissional, no ambiente escolar, permitiu abordar os sentimentos dos estudantes nessa fase da vida, a autopercepção de suas limitações e qualidades, além de ter aproximado a UBS e a escola, facilitando o acesso ao cuidado em saúde.</p>Italo Dias de Sousa Paes LandimRafael Alves Pinheiro TannureCarolina Lopes de Lima Reigada
Copyright (c) 2023 Italo Dias de Sousa Paes Landim, Rafael Alves Pinheiro Tannure, Carolina Lopes de Lima Reigada
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2023-12-052023-12-0518453812381210.5712/rbmfc18(45)3812Construindo um ambulatório para a população transgênero
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3830
<p><strong>Problema:</strong> Este artigo é um relato de experiência da construção de um ambulatório de hormonização para pessoas transgênero no contexto de um Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade no município de Vitória, Espírito Santo. Entende-se como pessoa transgênero aquela que não se identifica com o gênero atribuído ao nascimento, sendo uma das suas necessidades de saúde a hormonização, que é competência da/o médica/o de família e comunidade e não apenas de especialistas focais. No estado do Espírito Santo havia apenas um serviço público que oferecia a hormonização, mas não acolhia novas/os usuárias/os desde o ano de 2020. <strong>Método:</strong> Neste contexto surgiu a proposta de ofertar acolhimento e o manejo inicial da demanda de pessoas transgênero, voltados à saúde integral, com foco no processo de hormonização, aproveitando a estrutura existente de uma Unidade de Saúde da Família e médicos residentes. A equipe referida buscou se capacitar com o apoio da gerência local e da Secretaria Municipal de Saúde, ofertando atendimento semanal a partir de maio de 2022. <strong>Resultados:</strong> Tendo mal completado um ano de atividade, o ambulatório atende mais de cem pacientes e recebe encaminhamentos de outros serviços da rede de saúde e assistência. <strong>Conclusão:</strong> Com base nessa experiência, afirma-se que os programas de residência médica em Medicina de Família e Comunidade se mostram como espaços potenciais de fomento de construção das políticas públicas para esta população, que historicamente possui barreiras de acesso ao cuidado em saúde.</p>Rafael da Silva MachadoTatiani Almeida Louzado Sant'AnnaMatheus Magno dos Santos Fim
Copyright (c) 2023 Rafael da Silva Machado, Tatiani Almeida Louzado Sant'Anna, Matheus Magno dos Santos Fim
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2023-12-052023-12-0518453830383010.5712/rbmfc18(45)3830Uso de gamificação como estratégia para modificar a saúde de gestantes e lactentes numa comunidade carente de Curitiba
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3833
<p><strong>Introdução: </strong>A gestação e a consequente chegada de um novo filho são períodos de extrema importância na vida de uma família. Para minimizar riscos e garantir uma boa evolução da gestação é necessário acompanhamento periódico, com uma rotina bem estabelecida de exames e consultas médicas. Em uma unidade de saúde que atende uma população carente do município de Curitiba (PR) nem sempre as gestantes comparecem às consultas agendadas ou realizam os exames solicitados. O acompanhamento da puericultura também é prejudicado por essas faltas. <strong>Método:</strong> Como forma de tentar enfrentar esse problema foi criado um aplicativo de computador que realizou interações automatizadas com as gestantes e mães de lactentes atendidas nessa unidade. O principal objetivo foi avaliar as dificuldades no seu desenvolvimento e uso. O aplicativo foi programado para enviar mensagens para o WhatsApp das participantes sempre que um novo marco fosse atingido, fosse ele o avanço da idade gestacional, fosse o lembrete para uma consulta. Também enviou mensagens de incentivo para as ações positivas realizadas, como o comparecimento nas consultas pré-agendadas e a permanência no programa. Tais mensagens fizeram parte de um processo de gamificação — emprego de técnicas comuns aos jogos em situações de não jogo —, com recompensas por meio de pontuação virtual (<em>emojis</em>) de acordo com metas cumpridas. <strong>Resultados:</strong> O aplicativo ficou ativo por nove meses, sendo acompanhadas 28 gestantes e mães de lactentes. Apesar de algumas dificuldades relacionadas à obtenção de dados do sistema de prontuário eletrônico preexistente, bem como o trabalho manual envolvido na alimentação do aplicativo, este funcionou conforme o planejado. As participantes interagiram com o sistema, enviaram respostas demonstrando emoções positivas ao receberem alguma mensagem de incentivo, além de realizarem perguntas diversas ao sistema. Metade das participantes respondeu ao questionário final de avaliação, todas com respostas favoráveis ao seu uso. <strong>Conclusões:</strong> O uso da gamificação por meio de interação via WhatsApp é funcional e factível. Entretanto, conclui-se que o ideal seria que um <em>software</em> dessa natureza fosse desenvolvido como um módulo do prontuário eletrônico já existente e em uso nas unidades de saúde. Apesar de essa integração ser uma proposta ousada e existirem inúmeras outras necessidades urgentes, a melhoria da aderência ao pré-natal é uma demanda mundial, e qualquer medida que possa evitar óbitos tanto de mulheres quanto de crianças é sempre louvável. Pesquisas futuras com grupos controle são necessárias para verificar se o processo de gamificação pode efetivamente melhorar a aderência bem como os desfechos de saúde das futuras gestações.</p>Angelo BannackFrancisco Carlos Mouzinho de Oliveira
Copyright (c) 2023 Angelo Bannack, Francisco Carlos Mouzinho de Oliveira
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2023-12-052023-12-0518453833383310.5712/rbmfc18(45)3833Percepções de uma Unidade Básica de Saúde sobre Saúde Planetária
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3842
<p><strong>Introdução:</strong> A Saúde Planetária é um campo de pesquisa que avalia a interdependência entre os ecossistemas e a saúde da civilização humana, ainda pouco difundido na área de saúde, mesmo entre os currículos dos programas de residência. <strong>Objetivo:</strong> Este trabalho objetivou avaliar conhecimento e percepções sobre o tema da saúde planetária entre profissionais de saúde da Unidade Básica de Saúde (UBS) 01 da Candangolândia, Distrito Federal, Brasil. <strong>Métodos:</strong> Optou-se por metodologia qualitativa, com aplicação de entrevistas semiestruturadas e análise de conteúdo por Bardin e também por meio do <em>software</em> N-VIVO. Este artigo baseou-se em um trabalho para conclusão de residência em Medicina de Família e Comunidade. <strong>Resultados:</strong> Ao longo da pesquisa, pôde-se perceber que há desconhecimento sobre o tema da saúde planetária entre as profissionais entrevistadas. Há também uma perspectiva de distanciamento do ambiente natural e, em certo ponto, uma visão utilitarista da natureza. Além disso, foi observada desconexão entre teoria e prática já que as entrevistadas reconhecem, na teoria, que os impactos sobre os sistemas naturais também acarretam consequências sobre a saúde humana, mas nenhuma delas demonstrou considerar tais repercussões em seu fluxo de trabalho cotidiano. As participantes perceberam que podem atuar na comunidade no tocante ao tema da saúde planetária, sobretudo por meio da educação. <strong>Conclusões:</strong> A frequência cada vez maior de doenças relacionadas ao meio ambiente reforça a urgência de os profissionais de saúde, usuários e gestores incorporarem o tema em suas práticas.</p>Felipe Oliveira MachadoCarolina Lopes de Lima Reigada
Copyright (c) 2023 Felipe Oliveira Machado, Carolina Lopes de Lima Reigada
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2023-12-052023-12-0518453842384210.5712/rbmfc18(45)3842Utilização do telessaúde em tempos de pandemia de COVID-19
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3846
<p><strong>Introdução:</strong> O telessaúde vem ganhando cada vez mais espaço, e a pandemia contribuiu de forma significativa para o aumento exponencial em sua utilização. <strong>Objetivo:</strong> Apresentar um panorama sobre o telessaúde em tempos de pandemia de <em>coronavirus disease</em> 2019.<strong> Métodos: </strong>Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que abrange publicações entre os anos de 2020 e 2022. As buscas foram realizadas nos meses de novembro e dezembro de 2022 nas bases de dados Google Acadêmico, Biblioteca Virtual em Saúde, PubMed e Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando-se os descritores “COVID-19”, “telessaúde”, “telemedicina” e “pessoal de saúde”, combinados entre si pelo uso do operador booleano AND. Foram encontrados 449 artigos que, após a leitura dos resumos e a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram reduzidos a 12 trabalhos, selecionados para compor a revisão. <strong>Resultados:</strong> O telessaúde teve sua maior difusão durante o período da pandemia, pois perante as medidas restritivas de isolamento social permitiu a realização de serviços de saúde como consultas e monitoramento dos usuários. <strong>Conclusões:</strong> Apesar do avanço em sua utilização e de suas vantagens, como baixo custo e facilidade de operacionalização, problemas ainda persistem, entre eles a disponibilização de infraestrutura adequada e acesso à <em>internet</em>. Espera-se que o telessaúde se torne parte essencial do serviço e contribua significativamente para os serviços de saúde e os usuários.</p>Samyla Faria de AguiarFlávia Faria RodolfoWellen Góbi Botacin
Copyright (c) 2023 Samyla Faria de Aguiar, Flávia Faria Rodolfo, Wellen Góbi Botacin
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2023-12-052023-12-0518453846384610.5712/rbmfc18(45)3846A medicina narrativa
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3848
<p>Como a relação entre a Medicina de Família e Comunidade e o cuidado centrado no paciente pode ser ainda mais fortalecida através da medicina narrativa? Tal reflexão faz-se necessária, já que o modelo biomédico e o avanço tecnológico de exames de imagem excederam a importância das narrativas das pessoas doentes em cuidado. Usando também de metáfora, este trabalho desenvolve-se em torno do “concerto do corpo”, comparando os três movimentos da medicina narrativa (atenção, representação e afiliação) aos três atos de um concerto musical. Rita Charon é a teórica principal. O objetivo é demonstrar como o elo entre a Medicina de Família e Comunidade e o cuidado centrado no paciente pode ser usado não só para questionar, mas também somar ao modelo biomédico; e, para isso, a ferramenta-chave desse elo foi a medicina narrativa.</p>Ezequiel Fernandes da Costa NetoLilian César Salgado BoaventuraAngélica Karlla Marques DiasLayla Calazans MüllerMaycon Luiz Basílio
Copyright (c) 2023 Ezequiel Fernandes da Costa Neto, Lilian César Salgado Boaventura, Angélica Karlla Marques Dias, Layla Calazans Müller, Maycon Luiz Basílio
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2023-12-052023-12-0518453848384810.5712/rbmfc18(45)3848Autoconhecimento e autocura na perspectiva da ginecologia natural
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3853
<p>A Ginecologia Natural, conhecida por ser uma ginecologia autônoma e política, é compreendida como um movimento político e pedagógico que questiona a aliança médico-farmacêutica e resgata saberes ancestrais, reivindicando o autoconhecimento como forma de empoderamento pessoal. Ela antepõe-se aos processos de patologização, medicalização e comercialização que são especialmente voltados para os corpos feminizados e propõe um olhar sistêmico sobre os processos de saúde-doença, levando em consideração as dimensões corporais, mentais e energéticas (espirituais) do ser. Diante disso, são percebidas inúmeras aproximações entre a Medicina de Família e Comunidade e a Ginecologia Natural, pois ambas são pautadas no paradigma integralista e relacionam-se com o Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP). Ademais, por meio da escuta empática, da longitudinalidade e do domínio do MCCP, médicas e médicos de família e comunidade atuam como agentes ou facilitadores da cura. Na perspectiva da Ginecologia Natural, o autoconhecimento é ferramenta imprescindível no caminho da (auto)cura. E, pela exploração da experiência com a doença, como reitera o primeiro componente do MCCP, médicas e médicos podem auxiliar as pessoas na compreensão de seus processos únicos de adoecimento, contribuindo assim para a jornada de autoconhecimento e de autocura de cada um. Assim, este ensaio teórico objetivou dialogar sobre o papel de médicas e médicos de família e comunidade como agentes de cura e entender como a Ginecologia Natural pode potencializar esse processo por meio de sua principal ferramenta: o autoconhecimento.</p>Daniele Calaça de OliveiraMaria Olívia Lima de Mendonça
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https://creativecommons.org/licenses/by/4.0
2023-12-052023-12-0518453853385310.5712/rbmfc18(45)3853Burnout em residentes de saúde da família
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3858
<p><strong>Introdução</strong><strong>:</strong> A síndrome de <em>burnout</em> é definida como um conjunto de sinais e sintomas que caracterizam o sofrimento do trabalhador em seu ambiente, podendo se manifestar em perda de motivação e insatisfação profissional, definida por três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. O objetivo deste artigo é apresentar a ocorrência de esgotamento profissional, fatores de risco e proteção em residentes de programas de Residências de Medicina de Família e Comunidade e Multiprofissional no âmbito da Atenção Primária à Saúde.<strong> Método: </strong>Estudo longitudinal que aplicou, em cinco momentos, um questionário sociodemográfico, o <em>Maslach Burnout Inventory</em> e o <em>Alcohol Use Disorders Identification Test</em> (AUDIT) em todos os 33 residentes matriculados em 2018 em programas relacionados à Saúde da Família de uma universidade pública do interior paulista ao longo dos dois anos. Os dados foram analisados de maneira descritiva e utilizando regressão ajustada pelo método de Poisson para analisar as associações de maneira multidimensional em duas modalidades, com intervalo de confiança de 95% (IC95%). <strong>Resultados</strong>: A maioria dos participantes era da faixa etária de 25–29 anos (48,5%), solteira (90,9%), advinda da Região Sudeste do Brasil (84,9%) e do sexo feminino (81,8%). Os participantes apresentaram maiores índices de <em>burnout</em> no segundo semestre do segundo ano, tanto quando analisados os três índices (14,29%) como quando analisados dois ou três (60,17%). Os residentes mais jovens apresentaram maiores índices de <em>burnout</em> para os dois critérios adotados, bem como os médicos. Além disso, houve associação do <em>burnout</em> com a sobrecarga de trabalho (risco relativo — RR: 11,96 e IC95% 1,96–73,04), a não realização de atividades de lazer (RR: 63,00; IC95% 1,25–8,52) e o tratamento psiquiátrico (RR: 24,84 e IC95% 1,01–606). <strong>Conclusão:</strong> Os resultados obtidos estão em consonância com a literatura, apresentando na variável tempo um momento de maior ocorrência. A identificação da síndrome de <em>burnout</em> permite que os programas de residência elaborem medidas de prevenção que garantam melhor aproveitamento profissional, preparando de maneira responsável os egressos ao mercado de trabalho.</p>Luciane Loures dos SantosLuciano de Paula Loyola Netto
Copyright (c) 2023 Luciane Loures dos Santos, Luciano de Paula Loyola Netto
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2023-12-052023-12-0518453858385810.5712/rbmfc18(45)3858Associação entre burnout e religiosidade/espiritualidade em médicos da Atenção Primária
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3859
<p><strong>Introdução:</strong> O <em>burnout</em>, condição frequente entre médicos de família e comunidade, surge em resposta a fatores estressores do trabalho, gerando consequências negativas para o indivíduo e para o sistema de saúde. Apesar disso, ainda há poucos estudos investigando o tema na Atenção Primária (AP) no Brasil. A religiosidade/espiritualidade (R/E) é uma das “ferramentas” que pode ser utilizada no enfrentamento do <em>burnout</em>, com alguns estudos demonstrando uma relação inversa. <strong>Objetivo:</strong> Testar a correlação entre <em>burnout</em> e R/E e avaliar as relações entre <em>burnout</em> e varáveis sociodemográficas e ocupacionais em médicos da AP. <strong>Método: </strong>Pesquisa transversal, realizada entre setembro e dezembro de 2021, por meio de inquérito virtual direcionado a todos os médicos em atividade da AP de Florianópolis. O <em>burnout</em> e a R/E foram aferidos pelas versões validadas em português dos instrumentos OLBI e DSES. <strong>Resultados: </strong>Obtivemos 102 respostas (equivalentes à taxa de resposta de 68,9%). Não encontramos correlação entre <em>burnout</em> e R/E (0,06; p=0,57) e entre <em>burnout</em> e tempo de equipe (-0,11; p=0,26). Foi encontrada correlação negativa fraca entre o escore de <em>burnout</em> e idade (-0,23; p<0,05) e tempo de formado (-0,23; p<0,05), ou seja, o aumento da idade ou do tempo de formado estiveram acompanhados de discreta redução no escore OLBI. Não houve associação entre <em>burnout</em> e gênero (Pearson, p=0,54) e entre <em>burnout</em> e estado civil (Pearson, p=0,35). <strong>Conclusões:</strong> Não foi encontrada correlação entre <em>burnout</em> e R/E. Fatores diretamente relacionados com o trabalho, pouco explorados nesta pesquisa, possivelmente teriam maior impacto nos níveis de <em>burnout</em> em relação às condições de caráter mais pessoal, como a R/E. Estudos futuros, com abordagens longitudinais e/ou qualitativas, devem levar em conta a pesquisa de tais variáveis.</p>Marilia DuarteDiogo Scalco
Copyright (c) 2023 Marilia Duarte, Diogo Scalco
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2023-12-052023-12-0518453859385910.5712/rbmfc18(45)3859Abordagem familiar sistêmica para o fechamento de vida em cuidados paliativos na Atenção Primária à Saúde
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3860
<p><strong>Introdução:</strong> O fechamento de vida compõe o léxico dos cuidados paliativos ao incluir tarefas de preparação para a morte como o enfrentamento de assuntos inacabados na dimensão pessoal, espiritual, familiar, social, financeira e legal. Apoiar familiares e pacientes quanto a providências relacionadas à morte é parte constitutiva do trabalho na Atenção Primária à Saúde (APS). Nessa interseção, a abordagem familiar sistêmica oferece um conjunto de ferramentas clínicas e comunicacionais que podem ser utilizadas de forma oportuna para os cuidados paliativos nesse nível de atenção à saúde. <strong>Objetivo:</strong> O objetivo deste estudo foi demonstrar a aplicabilidade das ferramentas de abordagem familiar sistêmica em cuidados paliativos na APS. <strong>Métodos:</strong> O artigo descreve uma pesquisa qualitativa por meio de estudo de caso, analisando as soluções adotadas por uma família em acompanhamento domiciliar na APS para o fechamento de vida. Os dados foram coletados de narrativas dos integrantes da família com base no uso de ferramentas de abordagem familiar por um médico residente de Medicina de Família e Comunidade e equipe. <strong>Resultados:</strong> A intervenção familiar sistêmica realizada preordenou as tarefas do fechamento de vida, possibilitando manifestações de pacificação dos relacionamentos, conexão espiritual, resoluções financeiras e distribuição de bens sentimentais, preparação para a morte e promoção do luto eficaz. <strong>Conclusão:</strong> A abordagem familiar sistêmica para o encerramento das tarefas do fim de vida mostrou-se apropriada e exequível. Equalizou o apoio assistencial no tempo disponível e os desejos dos pacientes com relação aos assuntos inacabados. O profissional da Atenção Primária encontra-se em posição privilegiada para a aplicação dessas ferramentas de cuidado.</p>Hugo Sant' Anna AlvesCarmen Luiza Correa Fernandes
Copyright (c) 2023 Hugo Sant' Anna Alves, Carmen Luiza Correa Fernandes
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2023-12-052023-12-0518453860386010.5712/rbmfc18(45)3860Atendimento ambulatorial no cárcere
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3862
<p>No Brasil, as pessoas privadas de liberdade estão submetidas a condições inapropriadas de encarceramento, com dificuldades de acesso aos serviços de saúde, ainda que este direito seja reiterado por políticas nacionais e internacionais. Este artigo teve como objetivo apresentar o atendimento de pessoas privadas de liberdade por crimes gerais no período de julho a dezembro de 2019. Estudo observacional, transversal, quantitativo, tipo inquérito de uma amostra aleatória e representativa de uma penitenciária masculina, com aplicação de um questionário sobre as condições de saúde cujos diagnósticos foram categorizados pela Classificação Internacional de Atenção Primária e suas associações analisadas pelo teste de qui-quadrado e análise de variância. A maioria dos 200 participantes tinha entre 30 e 49 anos (73%), era de pardos ou pretos, solteiros, com baixa escolaridade, encarcerados em uma unidade superlotada (227%), tabagistas (49%) e sedentários (75%). O atendimento foi o primeiro para 40% dos presos, 74,5% deles possuíam até dois problemas de saúde, sendo os principais relacionados a problemas endócrinos e metabólicos, como obesidade, dislipidemia e hipertensão arterial. A eutrofia foi o diagnóstico mais encontrado e 65% avaliaram sua saúde como boa ou muito boa. Houve associação entre o número de diagnósticos entre aqueles com maior idade (p<0,01) e a prescrição de medicamentos (p<0,01). O sedentarismo foi mais significante entre os tabagistas com razão de prevalência de 1,65 (intervalo de confiança — IC95% 1,12–2,43). Foram realizadas cerca de duas orientações para cada atendimento, predominando aquela sobre alimentação e prática de atividade física. Foram prescritos medicamentos para metade dos presos atendidos (52,5%) e transferência para atendimento em outros serviços em 5% deles. O estudo revelou a presença de fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis e que o atendimento clínico na unidade prisional por médicos de família e comunidade é exequível e resolutivo, reduzindo atendimentos extramuros, diminuindo custos e aumentando a segurança de trabalhadores e usuários.</p>Angelica Campos Cintra VolpeRenata Moreira SerraLuciana Cisoto RibeiroJanise Braga Barros FerreiraLuciane Loures dos Santos
Copyright (c) 2023 Angelica Campos Cintra Volpe, Renata Moreira Serra, Luciana Cisoto Ribeiro, Janise Braga Barros Ferreira, Luciane Loures dos Santos
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2023-12-052023-12-0518453862386210.5712/rbmfc18(45)3862Grupo LGBTQIA+ em uma unidade de saúde da família da zona norte do Rio de Janeiro
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3865
<p><strong>Problema: </strong>A população de lésbicas, <em>gays</em>, transgênero, <em>queer</em>, intersexo, assexuados e demais possibilidades — LGBTQIA+, apesar da existência da Política Nacional de Saúde Integral LGBT, de 2011, ainda apresenta piores índices de saúde mental e vive experiências de preconceito e discriminação nas unidades de saúde. A Atenção Primária à Saúde (APS), por sua proximidade com o território, tem ferramentas para a abordagem comunitária, como grupos em saúde, espaços de troca de saberes, promoção de resiliência e identificação comunitária. <strong>Método:</strong> Estudo qualitativo, descritivo, segundo as diretrizes <em>Standards for Quality Improvement Reporting Excellence</em> (SQUIRE), como relato de experiência de um grupo em saúde voltado para a população LGBTQIA+ em uma unidade de saúde da Zona Norte do município do Rio de Janeiro. Coleta de dados no Google Acadêmico utilizando os termos: “serviços de saúde comunitária”, “minorias sexuais e de gênero” e “acesso aos serviços de saúde”, além de busca manual em literatura consolidada sobre o tema. <strong>Resultados: </strong>O grupo LGBTQIA+ foi criado em 2021, com base em uma demanda de um usuário transmasculino. Contou com coordenação multidisciplinar e manteve-se apesar da pandemia de COVID-19. Procedimentos de afirmação de gênero, experiências de preconceito e violência e histórico de transtornos de saúde mental eram temas abordados com frequência nos encontros. Impactos no processo de trabalho da unidade podem ser destacados com maior discussão de temas relativos à diversidade sexual e de gênero. <strong>Conclusão:</strong> Permanece sendo um desafio a manutenção de grupos no cenário atual da APS, sobretudo aqueles voltados a populações marginalizadas, ainda mais vulnerabilizadas pela pandemia de COVID-19. A qualificação dos profissionais de saúde com relação a questões de diversidade de gênero e orientação sexual com atividades de educação permanente e a luta pela existência e permanência da população LGBTQIA+ nos serviços de saúde são temas urgentes para a consolidação do SUS.</p>Barbara Britto OliveiraDébora Silva Teixeira Brenda Freitas da Costa
Copyright (c) 2023 Barbara Britto Oliveira, Débora Silva Teixeira , Brenda Freitas da Costa
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2023-12-052023-12-0518453865386510.5712/rbmfc18(45)3865Avaliação do conhecimento em cuidados paliativos entre médicos de família e comunidade
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3871
<p><strong>Introdução</strong>: O aumento da demanda por cuidados paliativos é uma realidade mundial, considerando-se o envelhecimento populacional e o aumento das doenças crônicas não transmissíveis. Sabendo-se que o lócus ideal para o provimento desse cuidado é a Atenção Primária à Saúde, o médico de família e comunidade precisa estar apto para que em sua prática clínica se apliquem cuidados paliativos para a população sob seus cuidados. <strong>Objetivos</strong>: O estudo propõe-se a avaliar o conhecimento acerca de cuidados paliativos entre médicos da Atenção Primária à Saúde ligados a um Programa de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade. <strong>Métodos</strong>: Estudo descritivo e estatístico, de corte transversal, com abordagem quantitativa, realizado em 12 unidades de saúde da Atenção Primária à Saúde em município do sul do Brasil, no ano de 2021. Os dados foram coletados de questionário autoaplicável, com questões objetivas de múltipla escolha, construído especificamente para este estudo, sendo o conteúdo definido com base nos eixos temáticos do Currículo Baseado em Competências da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, de 2015. Para a análise dos dados estatísticos utilizou-se o <em>software</em> <em>Statistical Package for the Social Sciences</em> (SPSS). <strong>Resultados</strong>: A amostra foi composta de 62 médicos, entre contratados, preceptores da residência e residentes do serviço. Todos os participantes consideram haver demanda por cuidados paliativos nas unidades em que atuam, porém quase um quarto dos participantes nega ter atendido ou preceptorado casos no último ano. Quanto às questões técnicas acerca de cuidados paliativos, a média de acertos foi de 81,57%, porém evidenciou-se uma associação estatisticamente significativa entre a função exercida no serviço e a média de acertos, tendo o residente do segundo ano uma média maior que as demais categorias. Também se observou que profissionais que atendem mais casos de cuidados paliativos são capazes de identificar a demanda nos casos clínicos apresentados. <strong>Conclusões</strong>: O estudo sinaliza que há um conhecimento teórico em cuidados paliativos satisfatório entre os médicos de família e comunidade e residentes do serviço. A formalização dessa temática nos currículos tanto da graduação quanto da residência, ainda que de forma inicial, pode estar contribuindo para a disseminação de conhecimento e a formação dos médicos. Contudo, os resultados também apontam para a dificuldade desses profissionais em identificar as demandas em cuidados paliativos na sua prática de trabalho e indicá-los de forma adequada aos pacientes que atendem.</p>Rafaella Copetti GhisleniLuciana Pinto SaavedraCaroline Garibaldi Valandro
Copyright (c) 2023 Rafaella Copetti Ghisleni, Luciana Pinto Saavedra, Caroline Garibaldi Valandro
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2023-12-052023-12-0518453871387110.5712/rbmfc18(45)3871Adaptação cultural e validação da versão brasileira do questionário autopercepção do desempenho da medicina centrada na pessoa em medicina geral e familiar
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3881
<p><strong>Introdução</strong>: O método clínico centrado na pessoa (MCCP) tem como objetivo proporcionar um atendimento humanizado e centrado no paciente. A aplicação do MCCP melhora a relação médico-paciente e tem impacto no desfecho clínico. No entanto, há desafios e realizar uma consulta centrada no paciente pode ter barreiras relacionadas com fatores que vão desde a aplicação da técnica até limitações por conta do contexto clínico. Diante da relevância do MCCP na prática clínica e do crescente estímulo para o ensino desse método, torna-se indispensável medir a autoavaliação dos médicos com relação à prática de um atendimento centrado na pessoa. Com isso é possível desenvolver estratégias pedagógicas mais adaptadas às dificuldades apontadas, especialmente para residentes de Medicina de Família e Comunidade (MFC). <strong>Objetivo</strong>: Adaptar culturalmente e validar a versão brasileira do questionário “Autopercepção do Desempenho da Medicina Centrada na Pessoa em Medicina Geral e Familiar”. <strong>Métodos</strong>: O questionário é composto de 22 questões autorreflexivas relacionadas ao uso do MCCP pelos profissionais. Inicialmente foi realizada a adaptação cultural do questionário para a língua portuguesa falada no Brasil e então foi realizada a aplicação em médicos residentes de MFC, recrutados pelo método de amostragem “bola de neve”, que aplica cadeias de referência para o recrutamento. A coleta de dados foi <em>on-line</em>, tendo sido analisados médias, desvio padrão, análise de conteúdo, análise fatorial exploratória e alfa de Cronbach. Consideramos significativos valores-p menores ou iguais que 0,05 e cargas fatoriais superiores a 0,3. <strong>Resultados: </strong>O questionário foi respondido por 76 médicos residentes de MFC, 50% do primeiro e 50% do segundo ano. A análise fatorial sugeriu que o questionário possui um componente, todas as questões foram mantidas por alcançarem cargas fatoriais maiores que 0,3. A confiabilidade por meio do valor alfa de Cronbach do questionário foi de 0,913. Os itens em que os médicos residentes demonstraram maior dificuldade foram aqueles relacionados à perspectiva dos pacientes e as suas expectativas. <strong>Conclusões: </strong>A versão adaptada do português para o Brasil teve boa validade, apresentou número de dimensão diferente da escala original, mas teve uma alta confiabilidade. Assim, podemos recomendar o uso da escala, que apresenta inicialmente valores psicométricos adequados para uma dimensão. Este é um estudo inicial, todos os itens apresentaram boa compreensão segundo os participantes, no entanto outros estudos são necessários para confirmar a dimensionalidade da escala para o Brasil.</p>Isadora Machado ValleIsabelle Faoro Glaser Jessica Heloise Camargo de LimaCamila Ament Giuliani dos Santos FrancoRenato Soleiman FrancoAndré Bisetto
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2023-12-052023-12-0518453881388110.5712/rbmfc18(45)3881Luta comunitária e direito à saúde
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3883
<p><strong>Introdução:</strong> O Residencial Vista Bela surgiu na periferia da cidade de Londrina com a implantação de um dos maiores empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida. No momento da entrega dos imóveis, o bairro encontrava-se isento de qualquer equipamento público. A falta de acesso ao direito à cidade e a outros direitos sociais, como a saúde, fica evidenciada como resultante de uma estrutura de Estado burguês e capitalista, fundado no colonialismo. <strong>Objetivo:</strong> Discutir a luta comunitária pelo direito à saúde com a conquista da Unidade Básica de Saúde (UBS) no território do Vista Bela. <strong>Métodos:</strong> Pesquisa qualitativa, realizada por meio da análise de documentos, diário de campo e entrevistas semiestruturadas com lideranças comunitárias. <strong>Resultados:</strong> Os resultados apontam para a importância que a mobilização social teve na construção da UBS no bairro, sendo essa luta protagonizada por mulheres da comunidade. <strong>Conclusões:</strong> Fica evidente a necessidade do fortalecimento do controle social do Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que o direito à saúde no Brasil tem sido em grande medida conquistado por meio da construção do SUS e seus programas na Atenção Primária à Saúde.</p>Flora Mestre PassiniBeatriz Zampar Zampar
Copyright (c) 2023 Flora Mestre Passini, Beatriz Zampar Zampar
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2023-12-052023-12-0518453883388310.5712/rbmfc18(45)3883Fatores que atraem, fixam, frustram ou afastam médicos de família da atenção primária de Florianópolis
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3887
<p><strong>Introdução: </strong>Um dos principais desafios da atenção primária no Brasil é a falta de fixação de profissionais médicos nas equipes de Saúde da Família, causando prejuízos à longitudinalidade, atributo essencial da atenção primária. <strong>Objetivo: </strong>Identificar os fatores que influenciam na atração de médicos de família e comunidade (MFC) para a atenção primária de Florianópolis, bem como fatores que os mantêm, os frustram ou os afastam. <strong>Métodos: </strong>Pesquisa qualitativa por meio de entrevistas em profundidade analisadas por análise de conteúdo convencional. Sorteamos 30 médicos de família de um painel amostral composto de três grupos: a) MFC estatutários e ativos na atenção primária de Florianópolis; b) MFC exonerados a partir de 2021; e c) médicos que prestaram, mas não assumiram, o concurso público de 2019, concurso que exigia título de especialista em MFC e foi o último realizado até o momento. <strong>Resultados: </strong>Entrevistamos 12 MFC, todos com residência médica. Deles, cinco compunham o grupo de profissionais que se exoneraram; três estavam atuantes na rede; e quatro compunham o grupo de MFC que foram aprovados no último concurso ofertado em 2019, porém não assumiram o cargo. Em síntese, os MFC são atraídos para trabalhar em Florianópolis por aspectos da cidade e pela possibilidade de desempenhar plenamente o trabalho de médico de família. Entretanto, as fragilidades do sistema de saúde público, agravadas nos últimos cinco anos e acentuadas no período crítico da pandemia de COVID-19 frustram os médicos de família a ponto de eles desejarem abandonar a atenção primária ou manter-se trabalhando às custas de sua saúde mental. Os motivos que mantêm ou mantiveram os médicos na atenção primária de Florianópolis foram principalmente a redução da carga horária assistencial e seus vínculos com família e amigos na cidade. A decisão final de exonerar-se partiu do sofrimento psíquico associado ao sentimento de sobrecarga no trabalho e/ou do salário menor que o desejado. <strong>Conclusões: </strong>Apoiados na análise dos dados, supomos que algumas estratégias, se adotadas, amenizariam a frustração de quase todos os entrevistados: a redução da carga horária com salário proporcional; a contratação de MFC volantes para cobrir ausências; a implementação de um registro eletrônico de saúde que integrasse todas as plataformas digitais utilizadas rotineiramente; o remanejamento das questões burocráticas para um profissional administrativo.</p>Julia Pinheiro MachadoCamila de Lima MagalhãesDonavan de Souza Lucio
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2023-12-052023-12-0518453887388710.5712/rbmfc18(45)3887A violência faz parte do trabalho?
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3794
<p>A violência contra profissionais de saúde é um problema mundial de saúde pública. Os episódios de violência têm impacto significativo no bem-estar físico e psicológico dos profissionais, com repercussão nos serviços de saúde prestados aos doentes. A avaliação dos fatores de risco para a violência e dos motivos que levam à subnotificação permite esclarecer e alertar os profissionais de saúde para a violência contra eles. O desenvolvimento e a implementação de programas contra a violência no local de trabalho constituem ainda uma das estratégias para a redução e evicção da violência. Este artigo teve como objetivo abordar a temática da violência contra os profissionais de saúde, nomeadamente os médicos de família, para discutir a prevalência dos episódios de violência, os seus diferentes tipos, principais fatores de risco, impacto na saúde física e psicológica dos profissionais de saúde, impacto na prestação de cuidados e estratégias de prevenção e gestão destes.</p>Inês GuimarãesLinda CostaMiguel MoreiraAna Falcão e Cunha
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2023-12-142023-12-1418453794379410.5712/rbmfc18(45)3794O papel da Medicina de Família e Comunidade no uso medicinal de Cannabis
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3632
<p>O uso medicinal de <em>Cannabis</em> tem registros históricos que datam aproximadamente de 3.000 anos a.C. e persistiu em diversos momentos da história. Os estudos clínicos sobre esse uso iniciaram-se na década de 1960, porém as pesquisas foram interrompidas em razão da política proibicionista do uso de <em>Cannabis</em>, reconhecido como droga ilícita. O retorno das pesquisas nos anos 1990 ratificou os efeitos terapêuticos dessa planta, tornando-a um potencial recurso a ser ofertado pelo Sistema Único de Saúde, com acesso pela Atenção Primária à Saúde. Com este ensaio, propomos refletir sobre o papel da Medicina de Família e Comunidade enquanto especialidade relevante no manejo terapêutico de <em>Cannabis</em> medicinal. Essa reflexão parte dos princípios da especialidade e do Sistema Único de Saúde, assim como é fundamentada nas evidências clínicas quanto ao uso medicinal da maconha.</p>Rubens Cavalcanti Freire da SilvaGeorgia Leal Cesar de Albuquerque
Copyright (c) 2023 Rubens Cavalcanti Freire da Silva, Georgia Leal Cesar de Albuquerque
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2023-07-052023-07-0518453632363210.5712/rbmfc18(45)3632Hesitação vacinal
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3128
<p>A vacinação/imunização de rotina é intrínseca à prática da Atenção Primária à Saúde em todo o Brasil. Nos últimos anos, o país vem enfrentando questões como a queda e a heterogeneidade da cobertura vacinal, motivadas por determinantes diversos, um deles a hesitação vacinal. Este artigo de perspectiva pretende oferecer às/aos profissionais da Atenção Primária à Saúde outro olhar sobre o fenômeno da hesitação vacinal, com lentes múltiplas e específicas ao contexto, que permitam compreendê-lo em sua complexidade.</p>Camila Carvalho de Souza Amorim MatosMarcia Thereza Couto
Copyright (c) 2023 Camila Carvalho de Souza Amorim Matos, Marcia Thereza Couto
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2023-04-302023-04-3018453128312810.5712/rbmfc18(45)3128A espiritualidade na prática da Medicina de Família e Comunidade
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3296
<p>A espiritualidade é outra vertente do cuidado em saúde, e a cada dia percebemos a importância dela na prática clínica da atenção primária à saúde. Definir a espiritualidade; analisar a percepção da espiritualidade pelos usuários da Unidade Básica de Saúde (UBS) e pelos médicos; e discutir como ela pode ser aprendida e desenvolvida no campo médico e na residência em Medicina de Família e Comunidade (MFC). Foi realizada uma revisão integrativa na base de dados da Bireme e do PubMed, utilizando os descritores "Spirituality" e "Primary Health Care" combinados com o operador booleano AND. A partir de 9 artigos selecionados, desenvolvemos núcleos temáticos com a síntese das informações quantitativas e qualitativas: conceito de saúde, espiritualidade, instrumento de espiritualidade, percepção de médicos e pacientes, percepção e atitude dos médicos, percepção dos usuários e ensino do cuidado espiritual. A espiritualidade é entendida como uma força motivadora que orienta as decisões e guia o indivíduo, sendo um componente da saúde. Ela deve ser considerada no dia a dia da prática da atenção primária em contextos de promoção da saúde, comorbidades distintas e abordagem comunitária. O cuidado espiritual baseia-se no princípio básico da medicina centrada na pessoa, respeitando as individualidades por meio de uma escuta ativa e respeitosa.</p>Orlando Otávio Zuba Miranda de AlmeidaDébora Carvalho Ferreira
Copyright (c) 2023 Orlando Otávio Zuba Miranda de Almeida, Débora Carvalho Ferreira
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2023-12-212023-12-2118453296329610.5712/rbmfc18(45)3296Abordagem do luto na Atenção Primária em Saúde
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3409
<p>O luto é a experiência causada pelo falecimento de uma pessoa próxima e representa uma resposta natural ao estresse da perda; envolve sintomas psicológicos e fisiológicos que acarretam aumento da morbidade e mortalidade. Os pacientes enlutados consultam mais vezes na Atenção Primária em Saúde (APS) e recebem mais medicação psicotrópica; apesar disso, o luto é negligenciado nas atividades de promoção da saúde, e frequentemente as equipes não sabem como abordá-lo de forma eficaz. Há evidências de que os médicos de família e comunidade podem não ter as habilidades apropriadas para fornecer suporte ao luto. Por isso, o objetivo deste estudo foi orientar os profissionais da APS na abordagem ao luto. Métodos: Realizou-se uma revisão integrativa em diversas bases de dados em junho de 2021, que incluiu artigos publicados, sem determinação de período temporal, em português, inglês e espanhol. Ao final da busca na literatura, 49 artigos foram selecionados para avaliação. Avaliação e recomendações: A maioria das pessoas irá se adaptar à perda sem a necessidade de intervenções clínicas; não há evidência para benefício do uso de benzodiazepínicos e antidepressivos a pacientes enlutados que não apresentem critérios para doença mental. Além disso, a preferência é pela realização de uma abordagem biopsicossocial. Considerações finais: As evidências científicas demonstram que há poucos estudos nos quais os profissionais que atuam na APS possam embasar sua prática. Apesar dessas limitações, os estudos disponíveis servem como base para orientações de abordagem ao luto.</p>Maiara Conzatti
Copyright (c) 2023 Maiara Conzatti
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2023-11-242023-11-2418453409340910.5712/rbmfc18(45)3409Revisão clínica
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/2930
<p>Os antipsicóticos são a primeira linha de tratamento para os sintomas psicóticos e suas síndromes. A psicose pode se apresentar como: delírios, alucinações, desorganização do pensamento e alteração do comportamento. Estima-se que 13 a 23% da população os apresente em algum momento ao longo da vida. Esta revisão clínica pretende auxiliar na tomada de decisão sobre quando e como introduzir antipsicóticos na atenção primária à saúde, levando em conta sua eficácia, o perfil de efeitos colaterais e os principais cuidados com as comorbidades relevantes. Realizou-se revisão da literatura nas bases de dados eletrônicos United States National Library of Medicine (PubMed), BMJ Best Practice e UpToDate — sumarizadores de evidência — no período de outubro a novembro de 2020. Foram incluídos artigos que abordassem a introdução de antipsicóticos na atenção primária, em maiores de 18 anos, com publicação após 2010, em português, inglês, espanhol ou francês. Foram obtidos 76 artigos considerados elegíveis. Destes, 27 foram selecionados para leitura integral. O antipsicótico deve ser recomendado para qualquer pessoa que apresente um primeiro episódio de psicose. Preferencialmente, a escolha terapêutica deve fazer parte do plano conjunto, centrado na pessoa, levando em conta os efeitos colaterais. Não há superioridade na eficácia entre um antipsicótico ou outro, nem mesmo entre grupos. Analisou-se o perfil de eficácia, efeitos adversos, segurança e tolerabilidade dos principais fármacos disponíveis, facilitando a tomada de decisão perante a introdução dos antipsicóticos. Pela escassa literatura nacional, não foi possível analisar o perfil específico para a população brasileira.</p>Daiane Maria CordeiroGuilherme Antoniacomi PereiraRafael Nunes Borges
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2023-04-302023-04-3018452930293010.5712/rbmfc18(45)2930Papel do planejamento familiar na atenção primária à saúde
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3429
<p><strong>Introdução:</strong> A assistência ao planejamento familiar no âmbito da atenção primária compreende um importante conjunto de ações capazes de garantir o direito à saúde reprodutiva aos usuários do Sistema Único de Saúde brasileiro. Entretanto vários obstáculos impedem sua implementação plena, fazendo com que muitos usuários não tenham acesso a esse serviço. <strong>Objetivo: </strong>Analisar o papel do planejamento familiar na construção da parentalidade sob a ótica de usuários de serviços de atenção primária à saúde em Fortaleza (CE). <strong>Métodos:</strong> Estudo transversal de métodos mistos, com triangulação concomitante de dados, de acordo com Creswell e Clack. Para a fase quantitativa, selecionaram-se 60 pessoas em exercício da parentalidade para responder a um questionário estruturado, das quais 12 participaram da fase qualitativa através de entrevistas semiestruturadas. <strong>Resultados:</strong> Em relação às respostas ao questionário, a maioria dos participantes teve o primeiro filho entre 17 e 20 anos, atualmente possui dois filhos e permanece com a mesma parceria da época do primogênito. As entrevistas evidenciaram o desconhecimento sobre o planejamento familiar, atribuído a escassez da assistência, falta de acolhimento pelos profissionais de saúde, ineficiência de políticas e desinteresse da população. A triangulação de métodos evidenciou complementação e corroboração entre os dados quantitativos e qualitativos. A integração de dados permitiu observar um apelo à corresponsabilidade da população em relação ao planejamento familiar, além da necessidade de mais treinamento e sensibilização dos profissionais de saúde quanto ao tema. <strong>Conclusões:</strong> É necessário avançar na abordagem do planejamento familiar no contexto da atenção primária à saúde para que este possa se tornar de fato um espaço de cuidado, troca e desenvolvimento da parentalidade efetiva e afetiva.</p>Giovana Barroso de Melo RiosLourrany Borges CostaMarília Teixeira RodriguesIana Castelo RodriguesFernanda de Oliveira PaulaMorgana Pordeus do Nascimento ForteCarmem Rita Sampaio de Sousa Neri
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2023-05-072023-05-0718453429342910.5712/rbmfc18(45)3429Metemoglobinemia como efeito adverso do tratamento para hanseníase
https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3634
<p><strong>Introdução:</strong> O tratamento da hanseníase consiste em um regime de poliquimioterapia com as seguintes drogas: Rifampicina, Dapsona e Clofazimina. Entre os efeitos colaterais, a metemoglobinemia decorre do uso da Dapsona e requer atenção especial, pois enseja a necessidade de suspensão da medicação e, em casos graves, de internação hospitalar. Trata-se de uma complicação rara, na qual ocorre uma anomalia da hemoglobina, que impossibilita a captação e a liberação de oxigênio. É provocada pela ação da Dapsona, quando administrada em quantidade e em duração além das recomendadas. Destacam-se como sinais e sintomas a presença de cianose, baixa saturação de oxigênio e dispneia aos esforços, embora a PaO<sub>2</sub> esteja de acordo com os valores de referência. O diagnóstico da metemoglobinemia é realizado pela co-oximetria. Pacientes com cianose ou sintomas de hipoxemia, com PaO<sub>2</sub> suficientemente alta, apresentam elevada suspeição. <strong>Apresentação do caso:</strong> Apresenta-se um caso de metemoglobinemia identificado na Atenção Primária à Saúde (APS) durante um tratamento de hanseníase, que exigiu condução minuciosa, culminando na suspensão da poliquimioterapia, com resolução do evento adverso. <strong>Conclusão:</strong> O acompanhamento clínico rigoroso pela APS durante o tratamento da hanseníase possibilita o reconhecimento precoce de eventuais efeitos adversos da poliquimioterapia, bem como a adoção das devidas medidas.</p>Hassã LemosFrancisca AraújoMarianny BarretoThaynã SilvaMatheus CavalcanteRoberta OliveiraMilena Nunes
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2023-12-222023-12-2218453634363410.5712/rbmfc18(45)3634