Frequência de sofrimento emocional é elevada em pessoas com diabetes assistidas na atenção primária

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc15(42)2078

Palavras-chave:

Diabetes Mellitus, Estresse Psicológico, Atenção Primária à Saúde, Qualidade de Vida

Resumo

Introdução: Pessoas com diabetes podem sofrer com o estresse da doença e apresentar sentimentos como culpa, raiva, medo e depressão, que caracterizam o Sofrimento Emocional Específico da Diabetes. Objetivo: estimar a frequência desse sofrimento e seus fatores associados em pessoas assistidas na atenção primária em Blumenau, Santa Catarina. Métodos: Trata-se de estudo transversal. Pessoas com diabetes assistidas por 4 equipes de saúde da família (n=196) responderam ao questionário “Problems Areas in Diabetes”, que apresenta 20 questões em 4 subdimensões, além de questões sobre suas características sociodemográficas (sexo, idade, escolaridade) e clínicas (tempo de doença, uso de insulina e medicação antidepressiva). Estimou-se os escores de sofrimento geral e subdimensões com base na soma das respostas em escala de 0 (melhor) a 100 (pior). Mediu-se a frequência do sofrimento emocional grave (escore >40) e sua associação com as variáveis de estudo por regressão logística não condicional. Resultados: Participaram 196 pessoas, 58,2% eram mulheres, 26,2% faziam uso de insulina e 20,6% de antidepressivos. A idade média foi de 61,6 anos, o tempo médio de tratamento de diabetes foi 9,5 anos. O escore médio de sofrimento emocional foi de 33,6 (dp=27,6) e mediana de 23,8. 36,2% dos participantes apresentaram sofrimento emocional grave. O sofrimento emocional grave se mostrou principalmente entre pessoas com 19 a 64 anos (OR=2,1, IC95%1,1 - 4,1), com tempo de doença de 2 a 5 anos (OR=6,4; IC95% 1,1 - 36,1) e 5 anos e mais (OR=5,4; IC95% 1,1 - 28,8) e em uso de medicação antidepressiva (OR=2,8 IC95% 1,3 - 6,0). Conclusão: Mais de um terço das pessoas com diabetes tem sofrimento emocional grave, marcadamente os adultos com mais tempo de doença e com tratamento para depressão. Sugere-se que essas pessoas tenham seu cuidado priorizado pelas equipes de saúde na atenção primária.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Juliana Andrade Goes, Universidade Regional de Blumenau - FURB Blumenau - Santa Catarina - Brasil

Acadêmica 10o semestre do Curso de Medicina.

Karla Ferreira Rodrigues, Universidade Regional de Blumenau - FURB Blumenau - Santa Catarina - Brasil

Departamento de Medicina
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

Ana Carolina de Avila, Universidade Regional de Blumenau - FURB Blumenau - Santa Catarina - Brasil

Acadêmica 12o semestre do Curso de Medicina.

Aline Geisler, Universidade Regional de Blumenau - FURB Blumenau - Santa Catarina - Brasil

Acadêmica do 11o semestre do Curso de Medicina

Amanda Maieski, Universidade Regional de Blumenau - FURB Blumenau - Santa Catarina - Brasil

Acadêmica do 11o semestre do Curso de Medicina

Carlos Roberto de Oliveira Nunes, Universidade Regional de Blumenau - FURB Blumenau - Santa Catarina - Brasil

Departamento de Psicologia

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

Joao Luiz Gurgel Calvet da Silveira, Universidade Regional de Blumenau - FURB Blumenau - Santa Catarina - Brasil

Departamento de Odontologia

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

Ernani Tiaraju de Santa Helena, Universidade Regional de Blumenau - FURB Blumenau - Santa Catarina - Brasil

Departamento de Medicina

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

Referências

Iser BPM, Stopa SR, Chueiri PS, Szwarcwald CL, Malta DC, Monteiro HOC, et al . Prevalência de diabetes autorreferido no Brasil: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Epidemiol Serv Saúde. 2015;24(2):305-14. DOI: https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200013

Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. VIGITEL Brasil 2013: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2014.

Welch GW, Jacobson AM, Polonsky WH. The Problem Areas in Diabetes Scale. An evaluation of its clinical utility. Diabetes Care. 1997;20(5):760-6. DOI: https://doi.org/10.2337/diacare.20.5.760

Polonsky WH, Anderson BJ, Lohrer PA, Welch G, Jacobson AM, Aponte JE, et al. Assessment of diabetes-related distress. Diabetes Care. 1995;18(6):754-60. DOI: https://doi.org/10.2337/diacare.18.6.754

Co MA, Tan LS, Tai ES, Griva K, Amir M, Chong KJ, et al. Factors associated with psychological distress, behavioral impact and health-related quality of life among patients with type 2 diabetes mellitus. J Diabetes Complications. 2015;29(3):378-83. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jdiacomp.2015.01.009

Reddy J, Wilhelm K, Campbell L. Putting PAID to diabetes-related distress: the potential utility of the problem areas in diabetes (PAID) scale in patients with diabetes. Psychosomatics. 2013;54(1):44-51. DOI: https://doi.org/10.1016/j.psym.2012.08.004

Pouwer F, Beekman AT, Lubach C, Snoek FJ. Nurses’ recognition and registration of depression, anxiety and diabetes-specific emotional problems in outpatients with diabetes mellitus. Patient Educ Couns. 2006;60(2):235-40. DOI: https://doi.org/10.1016/j.pec.2005.01.009

Jimenez-Garcıa R, Martinez Huedo MA, Hernandez-Barrera V, Lopez de Andres A, Martinez D, Jimenez-Trujillo I, et al. Psychological distress and mental disorders among Spanish diabetic adults: a case-control study. Prim Care Diabetes. 2012;6(2):149-56. DOI: https://doi.org/10.1016/j.pcd.2011.10.002

Perrin NE, Davies MJ, Robertson N, Snoek FJ, Khunti K. The prevalence of diabetes-specific emotional distress in people with Type 2 diabetes: a systematic review and meta-analysis. Diabet Med. 2017;34(11):1508-20. DOI: https://doi.org/10.1111/dme.13448

Tan LS, Khoo EY, Tan CS, Griva K, Mohamed A, New M, et al. Sensitivity of three widely used questionnaires for measuring psychological distress among patients with type 2 diabetes mellitus. Qual Life Res. 2015;24(1):153-62. DOI: https://doi.org/10.1007/s11136-014-0747-z

Graue M, Haugstvedt A, Wentzel-Larsen T, Iversen MM, Karlsen B, Rokne B. Diabetes-related emotional distress in adults: reliability and validity of the Norwegian versions of the Problem Areas in Diabetes Scale (PAID) and the Diabetes Distress Scale (DDS). Int J Nurs Stud. 2012;49(2):174-82. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2011.08.007

Snoek FJ, Pouwer F, Welch GW, Polonsky WH. Diabetes-related emotional distress in Dutch and U.S. diabetic patients: cross-cultural validity of the problem areas in diabetes scale. Diabetes Care. 2000;23(9):1305-9. DOI: https://doi.org/10.2337/diacare.23.9.1305

Papathanasiou A, Koutsovasilis A, Shea S, Philalithis A, Papavasiliou S, Melidonis A, et al. The Problem Areas in Diabetes (PAID) scale: psychometric evaluation survey in a Greek sample with type 2 diabetes. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2014;21(4):345-53. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1365-2850.2012.01875.x

Gross CC, Gross JL, Goldim JR. Problemas emocionais e percepção de coerção em pacientes com diabetes tipo 2: um estudo observacional. Rev HCPA. 2010;30(4):431-5.

Zanchetta FC, Trevisan DD, Apolinario PP, Silva JB, Lima MH. Clinical and sociodemographic variables associated with diabetes-related distress in patients with type 2 diabetes mellitus. Einstein (São Paulo). 2016;14(3):346-51. DOI: https://doi.org/10.1590/S1679-45082016AO3709

Souza ECS, Souza SA, Alves TOS, Gois CFL, Guimarães AMDN, Mattos MCT, et al. Avaliação da qualidade de vida de portadores de diabetes utilizando a medida específica B-PAID. Rev Min Enferm. 2012;16(4):509-15.

Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o Cuidado da Pessoa com Doença Crônica: Diabetes Mellitus. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2013.

Chediek J, Mulleady AI, Soares S, Marilena C. Atlas do Desenvolvimento Humano - Perfil [Internet]. Brasília (DF): Fundação João Pinheiro, IPEA, PNUD; 2014. Disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/blumenau_sc

Ministério da Saúde (BR), Departamento de Informática do SUS (DATASUS). HIPERDIA - Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos. 2016 [Internet]. 2016 [acesso 2016 Maio 18]. Disponível em: http://datasus.saude.gov.br/sistemas-e-aplicativos/epidemiologicos/hiperdia

Oliveira JEP, Vencio S, orgs. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2015-2016. São Paulo: AC Farmacêutica; 2016.

Gross CC, Scain SF, Scheffel R, Gross JL, Hutz CS. Brazilian version of the Problem Areas in Diabetes Scale (B-PAID): validation and identification of individuals at high risk for emotional distress. Diabetes Res Clin Pract. 2007;76(3):455-9. DOI: https://doi.org/10.1016/j.diabres.2006.09.022

Hermanns N, Kulzer B, Krichbaum M, Kubiak T, Haak T. How to screen for depression and emotional problems in patients with diabetes: Comparison of screening characteristics of depression questionnaires, measurement of diabetes-specific emotional problems and standard clinical assessment. Diabetologia. 2006;49(3):469-77. DOI: https://doi.org/10.1007/s00125-005-0094-2

Cyrino AP, Schraiber LB, Teixeira RR. Education for type 2 diabetes mellitus self-care: from compliance to empowerment. Interface (Botucatu). 2009;13(30):93-106. DOI: https://doi.org/10.1590/S1414-32832009000300009

Beléndez M, Hernández-Mijares A, Marco J, Domínguez JR, Pomares FJ. Validation of the Spanish version of the Problem Areas in Diabetes (PAID-SP) Scale. Diabetes Res Clin Pract. 2014;106(3):e93-5. DOI: https://doi.org/10.1016/j.diabres.2014.09.012

Amsberg S, Wredling R, Lins PE, Adamson U, Johansson UB. The psychometric properties of the Swedish version of the Problem Areas in Diabetes Scale (Swe-PAID-20): Scale development. Int J Nurs Stud. 2008;45(9):1319-28. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2007.09.010

Schmitt A, Reimer A, Kulzer B, Haak T, Gahr A, Hermanns N. Negative association between depression and diabetes control only when accompanied by diabetes-specific distress. J Behav Med. 2015;38(3):556-64. DOI: https://doi.org/10.1007/s10865-014-9604-3

Kreider KE. Diabetes Distress or Major Depressive Disorder? A Practical Approach to Diagnosing and Treating Psychological Comorbidities of Diabetes. Diabetes Ther. 2017;8(1):1-7. DOI: https://doi.org/10.1007/s13300-017-0231-1

Fisher L, Gonzalez JS, Polonsky WH. The confusing tale of depression and distress in patients with diabetes: a call for greater clarity and precision. Diabet Med. 2014;31(7):764-72. DOI: https://doi.org/10.1111/dme.12428

Snoek FJ, Bremmer MA, Hermanns N. Constructs of depression and distress in diabetes: time for an appraisal. Lancet Diabetes Endocrinol. 2015;3(6):450-60. DOI: https://doi.org/10.1016/S2213-8587(15)00135-7

Karlsen B, Oftedal B, Bru E. The relationship between clinical indicators, coping styles, perceived support and diabetes-related distress among adults with type 2 diabetes. J Adv Nurs. 2012;68(2):391-401. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2011.05751.x

Delahanty LM, Grant RW, Wittenberg E, Bosch JL, Wexler DJ, Cagliero E, et al. Association of diabetes-related emotional distress with diabetes treatment in primary care patients with Type 2 diabetes. Diabet Med. 2007;24(1):48-54. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1464-5491.2007.02028.x

Pintaudi B, Lucisano G, Gentile S, Bulotta A, Skovlund SE, Vespasiani G, et al.; BENCH-D Study Group. Correlates of diabetes-related distress in type 2 diabetes: Findings from the benchmarking network for clinical and humanistic outcomes in diabetes (BENCH-D) study. J Psychosom Res. 2015;79(5):348-54. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jpsychores.2015.08.010

Stoop CH, Nefs G, Pop VJ, Wijnands-van Gent CJM, Tack CJ, Geelhoed-Duijvestijn PH, et al. Diabetes-specific emotional distress in people with Type 2 diabetes: a comparison between primary and secondary care. Diabet Med. 2014;31(10):1252-9. DOI: https://doi.org/10.1111/dme.12472

Garvey KC, Wolpert HA. Identifying the unique needs of transition care for young adults with type 1 diabetes. Diabetes Spectr. 2011;24(1):22-5. DOI: https://doi.org/10.2337/diaspect.24.1.22

Bernini LS, Barrile SR, Mangili AF, Arca EA, Correr R, Ximenes MA, et al. O impacto do diabetes mellitus na qualidade de vida de pacientes da Unidade Básica de Saúde. Cad Bras Ter Ocup. 2017;25(3):533-41. DOI: https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO0899

Figueiredo WS, Schraiber LB. Concepções de gênero de homens usuários e profissionais de saúde de serviços de atenção primária e os possíveis impactos na saúde da população masculina, São Paulo, Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2011;16(Suppl 1):935-44. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-81232011000700025

Polonsky WH, Fisher L, Guzman S, Villa-Caballero L, Edelman SV. Psychological insulin resistance in patients with type 2 diabetes: The scope of the problem. Diabetes Care. 2005;28(10):2543-5. DOI: https://doi.org/10.2337/diacare.28.10.2543

Spencer MS, Kieffer EC, Sinco BR, Palmisano G, Guzman JR, James SA, et al. Diabetes-Specific Emotional Distress among African Americans and Hispanics with Type 2 Diabetes. J Health Care Poor Underserved. 2006;17(2 Suppl):88-105. DOI: https://doi.org/10.1353/hpu.2006.0095

Beverly EA, Ivanov NN, Court AB, Fredricks TR. Is diabetes distress on your radar screen? J Fam Pract. 2017;66(1):9-14.

Pouwer F. Should we screen for emotional distress in type 2 diabetes mellitus? Nat Rev Endocrinol. Nat Rev Endocrinol. 2009;5(12):665-71. DOI: https://doi.org/10.1038/nrendo.2009.214

Sturt J, Dennick K, Hessler D, Hunter BM, Oliver J, Fisher L. Effective interventions for reducing diabetes distress: systematic review and meta-analysis. Int Diabetes Nurs. 2015;12(2):40-55. DOI: https://doi.org/10.1179/2057332415Y.0000000004

Ferreira CLRA, Ferreira MG. Características epidemiológicas de pacientes diabéticos da rede pública de saúde - análise a partir do sistema HiperDia. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2009;53(1):80-6. DOI: https://doi.org/10.1590/S0004-27302009000100012

Downloads

Publicado

2020-02-18

Como Citar

1.
Goes JA, Rodrigues KF, Avila AC de, Geisler A, Maieski A, Nunes CR de O, Silveira JLGC da, de Santa Helena ET. Frequência de sofrimento emocional é elevada em pessoas com diabetes assistidas na atenção primária. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 18º de fevereiro de 2020 [citado 29º de março de 2024];15(42):2078. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/2078

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa

Plaudit