Editorial

Autores

  • Maria Inez Padula Anderson

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc3(11)332

Resumo

Provocar e promover mudanças de rumo na formação, nas práticas e na organização dos serviços de saúde num país que, de forma hegemônica, privilegiou, e ainda privilegia, o paradigma anátomo-clínico e, com ele, a medicina da doença, a super-especialização e a tecnologia industrial como sinônimos de boa prática médica e status profissional, não são tarefas corriqueiras.

Esta edição da RBMFC é constituída por artigos que pretendem deixar uma contribuição ao processo de mudança vivenciado hoje no Brasil em prol da Atenção Primária à Saúde (APS). Refere-se, especificamente, à formação e capacitação médica no nível da graduação e pós-graduação no campo da Medicina de Família e Comunidade e da Estratégia de Saúde da Família.

Neste cenário, os desafios são muitos: Como instituir as mudanças estruturais e conjunturais fundamentais para que ocorra este processo de mudança? Quais as modificações que se fazem necessárias no seio da escola médica? Como lidar com o aumento da demanda por especialistas em Medicina de Família e Comunidade, sem um número suficiente de programas de pós-graduação? Como capacitar em serviço? Como formar e aumentar o quantitativo de educadores que possam, a um só tempo, atender a estas diferentes necessidades?

Como sociedade científica, a SBMFC, deve ser e estar genuinamente comprometida em colaborar no enfrentamento destes desafios. Para além das atividades de cunho cientifico que promove, através dos congressos e eventos afins, ela deve deixar registradas as iniciativas que desenvolve no âmbito técnico e político que, em última análise, possam servir de base para orientar este processo de transformação. Sem a pretensão de esgotar a temática, esta edição especial da RBMFC traz o registro de algumas destas iniciativas, promovidas no decorrer da gestão da Diretoria da SBMFC dos últimos quatro anos. Contribuíram para sua elaboração, profissionais com diferentes tipos e tempos de inserção nesta caminhada, todos comprometidos e experientes no ensino e na prática da Medicina de Família e Comunidade e da Estratégia de Saúde da Família.

Os textos que constituem esta revista vêm se somar a outros já escritos e divulgados pela própria RBMFC, por outras publicações da área e também pelo Ministério da Saúde nos últimos períodos. Conformam, assim, um conjunto de reflexões e, também, de estratégias de ação acessíveis a todos que, de algum modo, atuam e colaboram na consolidação qualificada do ensino e da formação em Atenção Primária à Saúde em nosso país.

Compõem esta edição, seis artigos, a saber: 1. Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade da UERJ: uma Perspectiva Histórica; 2. A Medicina de Família e Comunidade, a Atenção Primária à Saúde e o Ensino de Graduação: Recomendações e Potencialidades; 3. Bases para Expansão e Desenvolvimento Adequado de Programas de Residência em MFC; 4. Oficina para Capacitar Preceptores em Medicina de Família e Comunidade: uma estratégia para qualificar a formação em MFC e a assistência em APS; 5. A Especialização em MFC e o Desafio da Qualificação Médica para a ESF e 6. Telessaúde em Apoio à Atenção Primária à Saúde no Brasil.

Acreditamos que estes textos trazem informações e reflexões relevantes que podem colaborar para incrementar a capacidade de enfrentar e lidar com os desafios anteriormente citados.

Vivenciamos, atualmente, ummomento particularmente estratégico da implementação e consolidação da Estratégia de Saúde da Família. Apesar dos benefícios evidentes que este modelo de atenção tem trazido à população e ao sistema de saúde há, ainda, que enfrentar resistências, vencer obstáculos e ultrapassar limites. Respostas são demandadas, resultados cobrados e o caminho permanece longo.

Alguns parceiros, cansados, ameaçam fraquejar. Outros alegam que as dificuldades são intransponíveis. Muitos, porém, entendem que, simplesmente, se deve continuar trabalhando, fazendo o que deve ser feito. De parte da SBMFC, não há outra forma de alcançar a mudança. Como já disse alguém, a perseverança pode mais que a força.

Boa leitura e bom proveito.

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Publicado

2007-11-17

Como Citar

1.
Anderson MIP. Editorial. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 17º de novembro de 2007 [citado 28º de março de 2024];3(11):147-8. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/332

Edição

Seção

Editorial

Plaudit