Experiências de médicos de família e comunidade no cuidado com a saúde de pacientes lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc17(44)2407

Palavras-chave:

Minorias sexuais e de gênero, Medicina de família e comunidade, Atenção primária à saúde.

Resumo

Introdução: A comunidade lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e suas particularidades associadas à saúde foram ignoradas por muitos anos. Embora a homossexualidade e a transexualidade não sejam mais consideradas doenças, ainda prevalece marginalização de muitas pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais a nível sócio-econômico-cultural e de acesso aos serviços de saúde. No que tange ao acesso à saúde, o primeiro contato do paciente Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais dentro do sistema de saúde pode ser através do médico de família e comunidade. Objetivo: Analisar as experiências dos médicos de família e comunidade no atendimento às pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais na atenção básica da rede municipal de saúde em uma cidade no Sul do Brasil. Métodos: Desenvolveram-se dois grupos focais (13 profissionais no total), um deles constituído de seis médicos de família e comunidade autodeclarados heterossexuais e cisgêneros e outro grupo constituído de sete médicos de família e comunidade autodeclarados lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, em julho de 2019. Resultados: Os participantes consideraram importante a temática da saúde lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais na atenção primária, embora ela tenha sido pouco explorada nos seus cursos de graduação. Relataram que as principais demandas dos pacientes lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais são as de saúde mental, violência e infecções sexualmente transmissíveis. Apontaram que possuem dificuldades em abordar questões que envolvem sexualidade e identidade de gênero em suas consultas. Conclusões: Os resultados reforçam a necessidade de os médicos de família e comunidade conhecerem especificidades da população lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Sugere-se que a temática da saúde da população lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais seja mais ensinada nos cursos de graduação em Medicina.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Joao Antonio Smania Gomes, Escola de Saúde Pública de Florianópolis – Florianópolis (SC), Brasil.

João Antonio Smania Gomes é médico residente do segundo ano em Medicina de Família e Comunidade na Secretaria Municipal de Florianópolis. Graduado em Medicina na Universidade Federal do Paraná em 2018.

Zeno Carlos Tesser Junior, Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis (SC), Brasil.

Formado em Odontologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/2014). Possui mestrado em Saúde Coletiva (PPGSC/UFSC). Faz doutorado em Saúde Coletiva (PPGSC/UFSC).

Referências

United Nations. Born free and equal: sexual orientation and gender identity in international human rights law. United Nations: New York and Geneva, 2012.

Drescher J. Out of DSM: depathologizing homosexuality. Behav Sci 2015;5(4):565-75. https://doi.org/10.3390/bs5040565 DOI: https://doi.org/10.3390/bs5040565

World Health Organization. The ICD-10 classification of mental and behavioural disorders: diagnostic criteria for research. Genebra: World Health Organization; 1993.

The Lancet. ICD-11: a brave attempt at classifying a new world. Lancet 2018;391(10139):2476. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)31370-9 DOI: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)31370-9

Brasil. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Brasília: Ministério da Saúde; 2013.

Brasil. Atenção Integral à Saúde da População Trans. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.

Aultman B. Cisgender. TSQ 2014;1(1-2):61-2. https://doi.org/10.1215/23289252-2399614 DOI: https://doi.org/10.1215/23289252-2399614

Wieringa SE. Symbolic subversion. TSQ 2014;1(1-2):210-2. https://doi.org/10.1215/23289252-2400046 DOI: https://doi.org/10.1215/23289252-2400046

Brasil. Relatório Final da 13a Conferência Nacional de Saúde. Brasília: Conselho Nacional de Saúde; 1998.

Allen J, Gay B, Crebolder H, Heyrman J, Svab I, Ram P. The European definition of general practice/family medicine. Ljubljan: EURACT; 2005.

Tesser-Junior ZC, Kovaleski DF. A invisibilidade das pessoas LGBT na atenção a saúde. In: Figueiredo GLA, Martins CHG, Akerman M, org. Vulnerabilidades e Saúde: grupos em cena por visibilidade no espaço urbano. São Paulo: HUCITEC; 2018. p. 123-31.

Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12a ed. São Paulo: HUCITEC; 2010. 269 p.

Barbour R. Doing focus groups. 2007. https://doi.org/10.4135/9781849208956 DOI: https://doi.org/10.4135/9781849208956

Westphal MF. Uso de métodos qualitativos no estudo de movimentos sociais por saúde. In: Spínola AWP, Sá ENC, Westphal MF, Adorno RCF, Zioni F, org. Pesquisa social em saúde. 1a ed. São Paulo: Cortez Editora; 1992.

King M, Semlyen J, Tai SS, Killaspy H, Osborn D, Popelyuk D, et al. A systematic review of mental disorder, suicide, and deliberate self harm in lesbian, gay and bisexual people. BMC Psychiatry 2008;8:70. https://doi.org/10.1186/1471-244X-8-70 DOI: https://doi.org/10.1186/1471-244X-8-70

Grant JM, Mottet LA, Tanis J, Herman JL, Harrison J, Keisling M. National transgender discrimination survey report on health and health care. National Transgender Discrimination Survey Report on Health and Health Care; 2010.

Cochran SD, Bandiera FC, Mays VM. Sexual orientation-related differences in tobacco use and secondhand smoke exposure among US adults aged 20 to 59 years: 2003-2010 National Health and Nutrition Examination Surveys. Am J Public Health 2013;103(10):1837-44. https://doi.org/10.2105/AJPH.2013.301423 DOI: https://doi.org/10.2105/AJPH.2013.301423

McCabe SE, West BT, Hughes TL, Boyd CJ. Sexual orientation and substance abuse treatment utilization in the United States: results from a national survey. J Subst Abuse Treat 2013;44(1):4-12. https://doi.org/10.1016/j.jsat.2012.01.007 DOI: https://doi.org/10.1016/j.jsat.2012.01.007

Tjaden P, Thoennes N. Extent, nature, and consequences of intimate partner violence. Atlanta: Centers for disease control and prevention; 2000. DOI: https://doi.org/10.1037/e300342003-001

Stephenson R, Khosropour C, Sullivan P. Reporting of intimate partner violence among men who have sex with men in an online survey. West J Emerg Med. 2010;11(3):242-6. PMID: 20882143

Transrespect versus Transphobia Worldwide [internet]. 2018 [acessado em 11 jan. 2020]. Disponível em: https://transrespect.org/en/trans-murder-monitoring/

Michels E, Mott L. Mortes violentas de LGBT no Brasil: relatório 2017. Salvador: Grupo Gay da Bahia; 2018.

Mendes WG, Silva CMFP. Homicídios da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais ou transgêneros (LGBT) no Brasil: uma análise espacial. Cien Saude Colet 2020;25(5):1709-22. https://doi.org/10.1590/1413-81232020255.33672019 DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232020255.33672019

Brasil. Boletim Epidemiologico HIV Aids 2017. Brasília: Ministério da Saúde; 2018.

Deschamps D, Singer B, Boylan JF. LGBTQ Stats: Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender, and Queer People by the Numbers. New York: The New Press; 2017. 340 p.

Facchini R, Barbosa RM. Dossiê saúde das mulheres lésbicas: promoção da equidade e da integralidade. Belo Horizonte: Rede Feminista de Saúde; 2006.

Apple MW. Ideologia e currículo. [Internet]. 3a ed. Porto Alegre: Artmed; 2006.

Fallin-Bennett K. Implicit bias against sexual minorities in medicine: cycles of professional influence and the role of the hidden curriculum. Acad Med 2015;90(5):549-52. https://doi.org/10.1097/ACM.0000000000000662 DOI: https://doi.org/10.1097/ACM.0000000000000662

Moretti-Pires RO, Guadagnin LI, Tesser-Júnior ZC, Campos DA, Turatti BO. Preconceito contra diversidade sexual e de gênero entre estudantes de medicina de 1o ao 8o semestre de um curso da região sul do Brasil. Rev Bras Educ Med 2019;43(Suppl 1):557–67. https://doi.org/10.1590/1981-5271v43suplemento1-20190076 DOI: https://doi.org/10.1590/1981-5271v43suplemento1-20190076

Silva ALR, Finkle M, Moretti-Pires RO. Representações sociais de trabalhadores da atenção básica à saúde sobre pessoas LGBT. Trab Educ e Saúde 2019;17(2). https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00197 DOI: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00197

Makadon HJ. Ending LGBT invisibility in health care: the first step in ensuring equitable care. Cleve Clin J Med 2011;78(4):220-4. https://doi.org/10.3949/ccjm.78gr.10006 DOI: https://doi.org/10.3949/ccjm.78gr.10006

Fadus M. Mental Health Disparities and Medical Student Education: Teaching in Psychiatry for LGBTQ Care, Communication, and Advocacy. Acad Psychiatry 2019;43(3):306-10. https://doi.org/10.1007/s40596-019-01024-y DOI: https://doi.org/10.1007/s40596-019-01024-y

Risdon C, Cook D, Willms D. Gay and lesbian physicians in training: a qualitative study. CMAJ 2000;162(3):331-4. PMID: 10693588

Publicado

2022-03-04

Como Citar

1.
Gomes JAS, Tesser Junior ZC. Experiências de médicos de família e comunidade no cuidado com a saúde de pacientes lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais . Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 4º de março de 2022 [citado 28º de março de 2024];17(44):2407. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/2407

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa

Plaudit

Artigos Semelhantes

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.