Sintomas depressivos e déficit cognitivo na população de 60 anos e mais em um município de médio porte do interior paulista*

Autores

  • José Evandro Marques Gomes Prefeitura Municipal de São Carlos (SP)
  • Tânia Ruiz Universidade Estadual Paulista - UNESP
  • José Eduardo Corrente Universidade Estadual Paulista - UNESP

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc6(19)90

Palavras-chave:

Saúde do Idoso, Depressão, Transtornos Mentais, Manifestações Neurocomportamentais, Avaliação Geriátrica

Resumo

Introdução: a população mundial está envelhecendo e o Brasil segue essa tendência, o que demanda uma reorganização da sociedade para o cuidado desses idosos. Observa-se, nesta tendência, um aumento do número de casos de depressão e demência, além da vinculação destas com outras doenças crônico-degenerativas. Objetivo: estimar a prevalência dos sintomas depressivos e déficits cognitivos em uma população de 60 anos e mais, moradora de um município de médio porte do interior do estado de São Paulo, e sua associação com outras doenças crônico-degenerativas mais prevalentes. Métodos: estudo transversal, com 364 idosos, utilizando: instrumentos sociodemográficos e de morbidade; o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), a Escala de Yesavage, a Escala de Atividades de Vida Diária e a Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD). Foram realizadas: análises estatísticas de frequências dos escores dos instrumentos; apresentação da sumarização das variáveis e as possíveis associações entre depressão/demência, aplicando-se o teste do X2 seguido do ajuste de um modelo de regressão logística para dados ordinais. Resultados: a suspeita de depressão foi encontrada em 44% (160) e o déficit cognitivo foi identificado em 38,7% (141) dos idosos. Aproximadamente 75% dos idosos, com suspeita de depressão ou déficit cognitivo, eram portadores de pelo menos mais uma patologia crônica. Foi possível estabelecer associações estatisticamente significativas entre: suspeita de depressão e AIVD (p<0,0001; OR=7,59; IC=3,361-7,139) e déficit cognitivo e AIVD (p=0,0007; OR=3,967; IC=1,788-8,799). Não foram encontradas associações entre idade, situação conjugal, escolaridade, inserção no mercado de trabalho, aposentadoria ou renda. Conclusão: idosos de ambos os sexos estão vulneráveis a doenças como depressão e demência. Por outro lado, sintomas depressivos e déficit cognitivo foram associados ao escore dos idosos comprometidos, segundo as AIVD.

*Parte da Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Medicina de Botucatu para a obtenção do Título de Mestre em Saúde Pública.

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Biografia do Autor

José Eduardo Corrente, Universidade Estadual Paulista - UNESP

Bacharel em Matemática pela UNESP - São José do Rio Preto, (1980), Licenciado em Matemática - Faculdades Integradas Regionais de Avaré (2005), mestrado em Estatística pela Associação Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (1984) e Doutorado em Estatística e Experimentação Agronômica pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (1991). Atualmente é Professor Adjunto no Departamento de Bioestatística do Instituo de Biociências, UNESP - Botucatu, SP. É credenciado no PPG em Saúde Coletiva, no PPG em Enfermagem (Mestrado Profissonalizante) da Faculdade de Medicina de Botucatu, SP. Desenvolve projetos na área de Epidemiologia, em especial na Epidemiologia da Terceira Idade com ênfase na análise de instrumentos para qualidade de vida, satisfação com a vida e aspectos nutricionais. Atua também nos seguinte temas: modelos lineares generalizados, análise de sobrevivência, análise de instrumentos multidimensionais, métodos estatísticos em epidemiologia. É consultor estatístico no Grupo de Apoio à Pesquisa (GAP) da Faculdade de Medicina de Botucatu no planejamento e análise estatística de experimentos na Área Médica. É membro do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu.

Mais informações: Currículo Lattes - CNPq.

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Publicado

2011-05-12

Como Citar

1.
Gomes JEM, Ruiz T, Corrente JE. Sintomas depressivos e déficit cognitivo na população de 60 anos e mais em um município de médio porte do interior paulista*. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 12º de maio de 2011 [citado 20º de abril de 2024];6(19):125-32. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/90

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa

Plaudit