Cuidado compartilhado de pessoas vivendo com HIV/AIDS na Atenção Primária

resultados da descentralização em Florianópolis

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc15(42)2066

Palavras-chave:

HIV, Atenção Primária à Saúde, Interconsulta.

Resumo

Introdução: Buscando instituir ações para prevenir e reduzir a transmissão, melhorar o acesso ao tratamento e a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHIV), a rede municipal de saúde de Florianópolis implantou entre 2015 e 2016 uma nova forma de suporte em Infectologia para a Atenção Primária a Saúde (APS). Objetivo: Descrever os resultados encontrados no município no processo de descentralização e cuidado compartilhado de pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHIV) com a APS de Florianópolis. Métodos: Trata-se de um estudo observacional, transversal e descritivo. Os dados foram obtidos de relatórios do prontuário eletrônico local e a partir de questionário estruturado aplicado junto aos médicos da APS de Florianópolis. Resultados: Entre 2014 e 2018, o número de atendimentos na APS relacionados ao cuidado de PVHIV teve um aumento expressivo, sobretudo após 2016, acompanhado de uma redução de 45,7% na proporção de encaminhamentos para infectologia após a implantação do apoio matricial em infectologia. Aliada à redução da taxa de encaminhamento evidenciou-se a habilidade na prescrição de Terapia Antirretroviral (TARV) por 100% dos médicos da APS entrevistados. Em relação à situação de acompanhamento de PVHIV, exclusivamente sob cuidados da APS, foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os médicos que fazem preceptoria em ensino na graduação e residência e os que são residentes ou tem formação específica em medicina de família e comunidade (MFC) em relação aos médicos sem formação específica. A proporção de médicos que se sentem seguros e confiantes em realizar esse tipo de atendimento na APS também foi significativamente maior entre os médicos que fazem preceptoria e são médicos de família e comunidade. Conclusões: A implantação do Apoio Matricial da Infectologia para a APS trouxe grande avanço para o município de Florianópolis, no que tange ao acesso e qualificação do cuidado das pessoas vivendo com HIV/AIDS. Os resultados foram mais significativos para os profissionais envolvidos com atividades de preceptoria e formação específica em MFC, o que reforça o papel da educação permanente na qualificação da coordenação do cuidado pela APS.

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Biografia do Autor

Vanessa Karoline Alves de Carvalho, Escola de Saúde Pública de Florianópolis

Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2016. Possui residência médica em Medicina de Família e Comunidade pela Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis/SC (2017-2019).

Dannielle Fernandes Godoi, Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis

Possui Graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo (1999), Residência Médica em Clínica Geral (2000-2001) e Reumatologia e Imunologia Clínica (2002-2003) e Doutorado em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP em 2008. Título de Especialista em Reumatologia pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Título de Especialista em Medicina de Família pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. Especialização em Saúde Pública, modalidade Saúde da Família (2010) pela Universidade Federal de Santa Catarina. Especialização em Gestão da Saúde Pública pela Universidade Federal de Santa Catarina (2011). Especialização em Processos Educacionais na Saúde - sub-área Gestão da Clínica nas Regiões de Saúde pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês (2012) e Especialização em Políticas de Saúde Informadas por Evidências pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês (2017) Atualmente é médica concursada da Prefeitura Municipal de Florianópolis atuando como médica reguladora e professora adjunta do Departamento de Clínica Médica do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina desde dezembro de 2015.

Filipe de Barros Perini, Ministério da Saúde

Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (2008) e residência médica na área de infectologia pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas- SP (2012). Especialista em Gestão de Redes de Atenção à Saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca-FioCruz (2016). Atuou como infectologista Assessor Técnico da Gerência Estadual de DST/AIDS e Hepatites Virais (Diretoria de Vigilância Epidemiológica-SES/SC) e da Diretoria de Média Complexidade da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis (2014-2016). Médico infectologista da prefeitura de Florianópolis, onde atuou como médico assistente, matriciador e preceptor da residência em Medicina de Família e Comunidade da SMS (2012-2016). Desde janeiro de 2017, compõe a equipe do Departamento de Prevenção, Vigilânica e Controle das IST, HIV/Aids e Hepatites Virais (DIAHV), SVS, Ministério da Saúde. Atualmente é Coordenador-Geral de Assistência e Tratamento das IST e HIV/Aids. Atua na área de Gestão e Educação em Saúde, com ênfase em HIV, IST e HTLV.

Ana Cristina Vidor, Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis

Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1999). Especialista em Medicina de Família e Comunidade. Mestre em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2004). Doutora em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2012). Médica da Prefeitura Municipal de Florianópolis. Gerente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis. Supervisora do Programa Mais Médicos.

 

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Publicado

2020-05-30

Como Citar

1.
Alves de Carvalho VK, Godoi DF, Perini F de B, Vidor AC. Cuidado compartilhado de pessoas vivendo com HIV/AIDS na Atenção Primária: resultados da descentralização em Florianópolis. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 30º de maio de 2020 [citado 28º de março de 2024];15(42):2066. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/2066

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa

Plaudit